PROJECTO DE FORMAÇÃO DESPORTIVA "VOLEIBOL AMARES"
A SIMBIOSE PERFEITA ENTRE DESPORTO ESCOLAR E FEDERADO

É possível conciliar Desporto Escolar e Desporto Federado? O Projecto de
Formação Desportiva «Voleibol Amares» implementado no Agrupamento de Escolas
de Amares prova que sim.
E tendo em consideração os resultados escolares e desportivos (vários pódios
conquistados) que os jovens que abraçaram este projecto têm vindo a
registar, podemos mesmo estar perante uma simbiose perfeita entre dois
sectores que até há algum tempo pareciam estar de costas voltadas.
No caso do «Voleibol Amares», o que inicialmente era «mais» uma forma de
cativar os jovens para a prática desportiva é agora um empreendimento sólido
que poderá servir de modelo a utilizar por escolas/autarquias/clubes.
O método, embora não científico, é simples: o Voleibol Amares do Agrupamento
de Escolas de Amares capta os alunos enquanto o Amares Volei/AAAESA recebe
os atletas a partir da idade de Juvenis e faz a sua transição do Desporto
Escolar para o Desporto Federado, sempre com um forte cunho pedagógico,
consubstanciando na competição a enorme vontade de jogar evidenciada pelos
jovens.
Concluído esse processo, o Amares Volei/AAAESA parte então
em demanda de conquistas no desporto federado.

“Chegámos
a estar a uma vitória de subir à I Divisão de seniores masculinos
[apuramento para a final]”, recorda Mário Azevedo,
Presidente e treinador do Amares Volei/AAAESA e Presidente da Associação de
Voleibol de Braga.
Este acontecimento ocorreu em 2006, sob a designação de Associação de
Antigos Alunos da Escola Secundária de Amares, e a equipa acabaria por
terminar o Campeonato Nacional da A2 em quarto lugar.
A que se deve o sucesso deste Projecto de Formação Desportiva?
MÁRIO AZEVEDO: “O sucesso deve-se, quase
exclusivamente, à actividade do Professor Nuno Reininho. É ele que faz a
captação dos atletas na escola desde o 7.º ano de escolaridade, embora
estejamos já a trabalhar no sentido de abranger outros anos.
Os atletas fazem todo o seu percurso no desporto escolar, começam
actividades de assiduidade e compromisso e quando chegam à idade de Juvenis
passam para o clube para competirem em campeonatos federados.
Nós só conseguimos ter equipas devido ao trabalho que é feito de captação no
desporto escolar. É isso que nos tem sustentado”.
Os
atletas que recebem do Desporto Escolar / Gira-Volei vêm bem preparados?
MA: “Vêm com bastante qualidade técnica, mas sem grande ritmo
competitivo. E isso só se pode superar no federado disputando vários jogos.
Há sempre alterações a efectuar, pois, normalmente, no primeiro ano de
Juvenis, quando chegam notam que o nível de jogo é mais acelerado. E há
sempre um período de adaptação para eles superarem essas dificuldades, mas a
nível técnico e táctico creio que já vêm preparados para jogar”.
Como
é possível manter o nível numa região onde não há muita oferta mas existe
uma concorrência de peso?
MA: “Isso deve-se ao trabalho do Professor Reininho e à vontade
destes jovens. Dou um exemplo: no ano passado tivemos uma equipa de juvenis
masculinos constituída por oito atletas e foi possível fazer uma época
inteira com o compromisso desses oito atletas, que registaram um nível de
assiduidade nos treinos acima dos 90 por centro. Só faltavam se estavam
mesmo doentes, pois mesmo com pequenas mazelas apareciam nos treinos para
ajudar.
Os mais velhos que já não jogavam Voleibol foram ajudando nos treinos. Fomos
criando esse espírito de equipa e conseguimos cumprir os objectivos
propostos para a época passada.
Este ano estamos a fazer um novo percurso. Estes atletas mantêm-se todos e
recebemos mais uma «fornada» de 10 atletas provenientes do desporto escolar
que estão a competir em juvenis.
E o nosso trabalho vai ser sempre assim: todos os anos trabalhamos com os
atletas que temos e todos os anos entram atletas do Desporto Escolar”.
Com essas condicionantes, como Presidente e Treinador do Clube, que metas
traça para no início de cada época?
MA: “Normalmente, a meta é que eles continuem a manter o seu
compromisso e pratiquem Voleibol com gosto. Não lhes exigimos vitórias, nem
títulos. Exigimos apenas que dêem o seu máximo, mas sempre com alegria.
Depois os resultados são todos bem-vindos. Já ganhámos jogos, já perdemos
outros que podíamos ter ganho, mas desde que eles estejam satisfeitos e nós
consigamos concluir aquilo que traçámos, consideramos que estamos a fazer um
bom trabalho”.
Como Presidente do clube, o que gostaria de concretizar?
MA: “A nível desportivo, gostaríamos de conseguir atingir uma fase
final e esse desejo poderá vir a ser concretizado em breve, porque com os
miúdos que recebemos nos dois últimos anos, para o ano teremos 18 atletas a
competir no escalão de juniores. Ou seja: vamos ter um plantel grande e com
qualidade, o que nos dá garantias de podermos fazer uma equipa engraçada
para «chatearmos algumas pessoas».
Gostaríamos que isso acontecesse, mas neste momento, e falando como
Presidente do clube, as nossas ambições não são os resultados mas sim a
criação de infra-estruturas que auxiliem toda esta captação porque os
pavilhões das escolas já começam a ser poucos face à quantidade de atletas
que estamos a conseguir captar no Desporto Escolar”.
E o que é que o Presidente da AV Braga tem a dizer sobre essas pretensões do
clube?
MA: “Nós batalhámos muito junto da Câmara, pois sabemos que só com o
apoio do Município é que podemos conseguir atingir os nossos objectivos.
Para além disso, tentamos não sonhar em demasia, pois esse foi um problema
que a Associação teve no passado, ao apostar muito numa equipa sénior e não
conseguir criar infra-estruturas de base. Isso acabou por motivar um hiato
de dois anos na actividade da associação.
O que nós queremos é, estruturalmente, ir subindo a qualidade dos miúdos, de
modo a que sejam eles próprios a puxarem outros jovens para a organização da
associação, e fazer disto uma só família.
Assim, o próximo passo é mesmo criar infra-estruturas e estamos a trabalhar
nesse sentido em conjunto com a câmara para não dependermos tanto dos
pavilhões das escolas, que já estão um bocado sobrelotados de actividades,
pois nós temos necessidade de mais espaço de treino.
Até ao ano passado tínhamos equipas de seniores, mas tivemos de abdicar
porque não iríamos ter espaço de treino nem meios humanos para suportar duas
equipas seniores em competição.
E a nossa decisão foi abdicarmos dos seniores para podermos continuar a
apostar na formação, porque a formação é que nos vai dar o futuro.
Os dois próximos anos vão-nos permitir construir condições para o
Mini-Voleibol e para criar uma equipa de seniores masculinos com os
jogadores que actualmente temos”.
Nuno Reininho: “É um projecto particular,
diferente e isso cria limitações”
Nuno Reininho é professor no AE Amares e o mentor do
Projecto de Formação Desportiva «Voleibol Amares».
Como
é que o seu criador caracteriza este projecto com já mais de uma década de
existência?
NUNO REININHO: “Enquanto o clube tem já uma história de mais de
quinze anos, a nível de projecto a história é um bocadinho mais curta.
O projecto com uma equipa de desporto escolar começou há 12 anos e
entretanto foi crescendo. Depois passámos para duas equipas, dois escalões,
porque não fazia sentido termos apenas uma equipa de juvenis se não houvesse
nada para a “alimentar”. Não podemos construir uma casa pelo telhado e por
isso criámos uma segunda equipa, esta de Iniciados e depois uma terceira de
Infantis.
No âmbito de desporto escolar, temos desde o último ano de Minis B até aos
alunos do primeiro ano de Juniores para termos tudo estruturado e podermos
ter um projecto coerente de formação desportiva porque senão teríamos apenas
uma equipa, que acabaria e seríamos obrigados a começar de novo.
Relativamente à articulação com o clube, foi algo que começou depois com o
Desporto Escolar, pois com o clube estava parado. A Câmara teve um papel
fundamental na reactivação do clube.
Na altura em que os responsáveis da Federação vieram a Amares reunir com a
Câmara por causa do Centro de Gira-Volei do município, recordo que se falou
na importância da reactivação do clube para que o trabalho feito ao nível do
Desporto Escolar pudesse ter onde desaguar, porque a escola depois não tinha
capacidade para ter uma equipa de Juniores ou de Seniores, nem isso fazia
sentido sequer. Nessa altura, a Câmara agarrou nessa sugestão, teve despesas
para poder resolver alguns problemas que existiam no clube que tinha
entretanto cessado a sua actividade e conseguiu reactivar o clube”.
Como se processou essa reactivação?
NR: “Inicialmente, e como é natural, o clube passou por alguns altos
e baixos. Após a chegada do Professor Mário Bento à Presidência, o clube
ainda esteve cerca de dois anos como secção do Futebol Clube de Amares, mas
depois conseguiu voltar às origens, a Associação de Antigos Alunos da Escola
Secundária de Amares e é como estamos agora. Depois de estabilizada esta
situação, a escola assume os escalões de formação no âmbito do Desporto
Escolar e quando os alunos atingem a idade de Juvenis passam a competir nas
equipas de Juvenis, Juniores e Seniores (tivemos de desactivar esta última
porque uma das instalações desportivas do concelho ia entrar em obras e como
tal não teríamos espaço de treino para tantas equipas).
Estou ligado ao clube, tenho um cargo nos Órgãos Sociais do clube, e tivemos
de fazer uma aposta na formação e tomar a decisão de suspender os seniores,
porque as equipas de seniores, havendo formação, tornam a surgir”.
A
Formação é a base do projecto Amares Voleibol...
NR: “Este é um projecto em que é muito importante falar desta
articulação do clube e também do apoio do agrupamento, ou seja o nosso
agrupamento integra o Voleibol no seu projecto educativo enquanto valência
do desporto escolar em geral. Nós temos uma taxa de cobertura no desporto
escolar muito grande, com cerca de 60 por cento dos alunos a praticarem
desporto escolar, não só Voleibol. Temos uma oferta muito variada que exige
muito dos professores de Educação Física. A Direcção do agrupamento é
exemplar a este nível, até pela forma com se articula com o clube, cedendo
as instalações para que o clube possa treinar sem custos, o que de outra
forma seria incomportável.
Para além disso, no desporto escolar temos o apoio da autarquia.
Os treinos começam às 18h30, mas as famílias podem estar descansadas porque
os alunos, às segundas, quartas e sextas-feiras, têm transporte para casa.
Não todos, já que os que moram nas proximidades não precisam, mas aqueles
que moram nas freguesias periféricas têm transporte para casa porque a
autarquia protocolou essa necessidade. Isto permite a oportunidade, quase
única no País, de todos os alunos treinarem três vezes por semana.
Se isso não existisse, é quase certo que o projecto acabava, porque o nosso
universo é reduzido e se nós perdêssemos os seis miúdos das freguesias
periféricas e ficássemos só com os oito alunos do centro de Amares pouco
conseguiríamos fazer.
A Câmara apoia-nos também nas deslocações para as competições que não são do
âmbito do desporto escolar, como torneios, encontros de Gira-Volei e outras
iniciativas ligadas ao Voleibol.
Para além disso, temos três parceiros de longa data, o Intermarché de
Amares, a Farmácia de Mercado e a Gráfica Santa Luzia que também contribuem
com verbas, equipamento, material para as malas dos primeiros socorros e
serviços. Estes apoios são também indispensáveis, pois sem eles não
conseguiríamos ter os atletas equipados nem o material que utilizamos nos
treinos e que provém do esforço destes três parceiros”.
Falou em dois momentos importantes para este projecto como a reactivação do
clube e o apoio da câmara. E os pais, também conseguiram cativá-los?
NR: “Creio que os pais começaram a estar cativados agora que o projecto
já está lançado. Temos ex-alunos que começaram a praticar Voleibol inseridos
neste projecto e que agora são adultos e que aconselham os pais de outros
alunos a colocarem os seus filhos a praticar desporto. Dizem: «Por que é que
não tentas na escola que tem um projecto interessante?» As famílias começam
a ser sensibilizadas por aí e também um pouco pela cobertura que a
Comunicação Social local vai dando, pelos sucessos que os nossos alunos vão
alcançando. Ao nível do ar livre, por exemplo, já fomos campeões nacionais
no escalão de juniores por duas vezes, e esta competição destina-se a
jogadores federados, paralelamente tivemos campeões regionais e nacionais do
desporto escolar, campeões nacionais de Gira-Volei, lugares de pódio em
vários torneios internacionais e tudo com alunos do desporto escolar
formados nesta lógica".

Apesar das limitações, conseguem obter êxitos desportivos…
NR: “Este é um projecto muito peculiar porque nos
treinos é normal termos 60 alunos, de níveis de prestação muito diferentes,
e um só professor a orientar. Nos clubes normalmente temos um treinador para
12 a 16 jogadores enquanto aqui temos um professor para um grupo enorme;
apesar disso temos a ajuda de ex-alunos da escola que passaram por este
projecto e que por qualquer razão deixaram de jogar Voleibol.
Estes colaboradores fazem parte da nossa história e todos os anos colocamos
num placar as fotografias daqueles que nos acompanharam. São fundamentais
porque o treino já passa a ser orientado por um professor e por
colaboradores.
O facto de ser um projecto particular, cria limitações. Se um professor
treina um conjunto de 10, 20 atletas de um mesmo nível, consegue acompanhar,
corrigir. Assim, é a massificação da prática, e a tentativa de criar
oportunidades de os alunos terem sucesso, diversão e expressão e de serem
parte desta grande família que é o Voleibol”.
Essa noção de família remete-nos para a vertente social da escola e da
própria modalidade: a de formar cidadãos.
NR: “Nós não convocamos os alunos para os jogos por
mérito desportivo. A nossa convocatória é baseada nas presenças aos treinos.
Não há excepções. Se um aluno tem menos jeito para o Voleibol mas é
trabalhador e está em todos os treinos, esse aluno vai jogar. É regra do
projecto. Como temos assiduidade quase a cem por cento, às vezes temos
alunos a mais para uma convocatória e então fazemos sempre esta pergunta:
«Há alguém que queira ceder o lugar a um colega que neste momento pode
ajudar mais a equipa?» E nós temos alunos a dizerem: «Abdico da minha
posição para o meu colega poder ir.» Isto acontece todos os anos mais do que
uma vez. Eles sentem que são importantes para a equipa não só no jogo mas
também nos treinos, pela sua forma de ser, pela maneira como se empenham e
como dão o exemplo. Todos eles.
Os nossos capitães são excepcionais e também fundamentais, pois são eles que
marcam presenças, que colaboram na organização dos treinos, que gerem a
arrumação do material, entre muitas outras responsabilidades”.
Tendo em atenção as múltiplas facetas da vida dos jovens, como é que tem
corrido a captação de atletas?
NR: “Não está a ser fácil. Notamos que é mais
difícil captar os alunos do 7.º ano, que são os que começam a integrar este
projecto. Temos um universo pequeno. São poucas turmas e algumas delas
pequenas e com alunos do escalão de Iniciados porque ficaram retidos.
Depois, há outros miúdos que praticam outras modalidades.
Nós tentamos ir pela sensibilização para a prática desportiva. Quando vamos
às salas de aula, seja de que disciplina for, chamamos os alunos e
perguntamos: «Quem é que não pratica desporto?» Não deixamos de fora
ninguém. Os outros, que já praticam desporto e estão inscritos num clube,
também podem vir. Depois conversamos com eles, vamos às aulas de Educação
Física, damos um toquezinhos com eles, valorizamos aquilo que fazem bem e os
miúdos gostam disso. Vamos fazendo esse esforço todos os anos até termos os
alunos suficientes para manter a equipa. Não desistimos e organizamos
torneios a nível interno, entre turmas, torneios do desporto escolar do
agrupamento todo, fazemos intercâmbios desportivos com outras escolas,
participamos em torneios internacionais etc.. Temos uma dinâmica grande, e
procuramos mostrar aos mais novos isso mesmo. Aliás, começamos logo no dia
de apresentação, pois levamos uma comitiva equipada a rigor para falar do
projecto e quem apresenta o projecto são os alunos, os capitães, não é o
professor”.

Para além dos êxitos a vários níveis já obtidos, como coordenador, qual é o
sonho que gostaria de ver realizado?
NR: “Eu sinto-me realizado. O meu sonho era poder
sair e descansar, era poder dizer: «Isto está consolidado e alguém vai pegar
neste projecto e fazê-lo crescer ainda mais».
Estou satisfeito. Não são os títulos que me motivam, o que me motiva são
algumas reacções dos alunos; é receber vídeos de um aluno nosso, que foi
estudar na Polónia e que está a jogar numa equipa polaca, é receber e-mails
de alunos que estão na faculdade e que já são homens com um H muito grande.
Isso é a minha realização.
Claro que os resultados são bons, pois isso também é gratificante e
compensador para os alunos porque eles trabalham muito e portanto merecem”.
Numa atitude salutar, mas pouco usual, o vosso projecto não se limita a
formar apenas jogadores…
NR: “Isso tem a ver com uma das maiores apostas que
nós fazemos: não temos só a vertente da competição, da prática do Voleibol,
temos também a vertente da formação para a arbitragem.
Todos os nossos alunos quando começam fazem uma formação de arbitragem, que
é orientada por árbitros nossos, que iniciaram o percurso de árbitros no
desporto escolar e alguns deles já são federados.
Os professores tratam da logística. Por outro lado, os alunos nunca
participam num grande torneio como jogadores sem antes o terem feito como
árbitros. Este é o outro nosso “grande projecto”: eles têm de saber pelo que
um árbitro passa, para saberem interpretar as regras, para entenderem o jogo
nessa vertente.
Para além de contribuir para a formação dos alunos, isto traz-nos vantagens,
nas despesas com os torneios. Como é natural, quem organiza tem custos com a
competição e nós conseguimos ter condições vantajosas, pois negociamos,
levamos os nossos árbitros e temos contrapartidas. Levamos sempre entre 20 e
30 árbitros e se perguntarem aos organizadores dos torneios eles com certeza
que vos dirão que os nossos árbitros são muito importantes para eles
acontecerem.
Por exemplo, o Torneio AMB tem sempre 20 e tal árbitros nossos desde que
começámos a participar na competição e, na edição do ano passado fizeram-nos
uma distinção fantástica, no âmbito da ética desportiva e logo no maior
torneio de Voleibol. Essa distinção foi entregue ao nosso agrupamento e ao
nosso projecto por causa dos nossos árbitros e das nossas equipas”.
João Luís Esteves: “Constitui uma mais-valia
para o município”
João Luís Esteves é o Vereador do Pelouro do Desporto da
Câmara Municipal de Amares.
“A Câmara apoia o projecto de formação desportiva Amares Voleibol porque lhe
reconhece um grande valor, tanto a nível do desporto escolar como do clube,
já que envolve neste momento cerca de 100 atletas, e também devido ao
trabalho excepcional que tem sido feito pelos responsáveis, tanto o Prof.
Reininho como o Prof. Mário”.
Este
projecto poderia vir a ser um modelo para outras parcerias entre as
autarquias e as escolas?
JOÃO LUÍS ESTEVES: “Creio que sim, pelo que me tenho
apercebido é um projecto quase único na região, com uma expressão enorme ao
nível da formação e que constitui uma mais-valia para o município e para o
concelho e, sobretudo, para os jovens”.
Qual é a visão desportiva da Câmara Municipal de Amares?
JLE: “A Autarquia tem apoiado muito o desporto, tanto a nível das
associações desportivas, como também na realização de eventos, que partem da
própria sociedade civil e que depois a autarquia reconhece que têm valor e
apoia, quer financeiramente quer no aspecto logístico, em termos de material
e dos próprios recursos humanos.
Creio que o concelho de Amares está bastante bem representado ao nível das
modalidades e muito especificamente no caso do Voleibol.
A seguir ao Futebol, no qual temos cerca de 500 atletas federados, no caso
do projecto do “Voleibol Amares” do Agrupamento de Escolas de Amares e do
Amares Volei/AAAESA, estamos a falar num universo de cerca de 200 atletas.
Isto tem uma relevância grande se enquadrarmos à dimensão do município, que
tem cerca de 18 mil habitantes. Acho que está bastante bem representado no
Voleibol e com uma dimensão significativa”.
Como ex-atleta, como vê a prática desportiva a partir das escolas?
JLE: “É muito importante os jovens poderem ter condições para
praticarem desporto no local em que residem e este tipo de projectos são
muito importantes para que os jovens possam praticar desporto. Na minha
altura, também tive oportunidade de o fazer, nomeadamente no Futebol, e
precisamente aqui, na Escola Secundária de Amares, e recordo-me que já havia
uma implementação grande no Voleibol devido ao grande trabalho que o Prof.
Reininho tem vindo a desenvolver.
É bem visível a paixão que ele tem pela modalidade.
O protocolo que existe entre o Ag. Esc. Amares e o Município foi celebrado
em 2015 e o apoio que a câmara fornece passa essencialmente pelos
transportes. Disponibiliza o transporte aos atletas que residem no concelho
de Amares no final dos treinos (segundas, quartas e sextas-feiras) até às
suas habitações. E também para os jogos, quer nas competições regionais quer
nas nacionais.
Temos ainda protocolada a intenção de construção de um campo de Voleibol de
Praia que entendemos seria uma estrutura essencial na evolução da modalidade”.
Flora Antunes Monteiro: “Praticar desporto com esta intensidade, alegria,
motivação e seriedade é muito importante”
Reunindo na mesma pessoa várias facetas (Directora da Escola, professora
e mãe), Flora Antunes Monteiro vê o projecto como um prisma
que reflecte várias realidades.
Qual
é o balanço que faz da associação da escola a este projecto?
FLORA ANTUNES MONTEIRO: “É um balanço que é feito com muita satisfação e orgulho do cumprimento
de um trabalho de serviço público, que faz muita falta, sobretudo nos dias
de hoje.
Os miúdos são muito activos e precisam de estar ocupados. Têm quinhentas mil
solicitações e entre todos os telemóveis e tablets e o trabalho nas salas de
aula, o poderem ainda praticar desporto com a intensidade com que o fazem,
por exemplo, no Voleibol, é óptimo,
E é óptimo a escola poder ter esta segurança baseada em professores
fantásticos e conseguir oferecer isso aos alunos. E eles abraçam e
identificam-se com o projecto e isso só traz mais-valias para a vida deles.
Praticar desporto, como todos o sabemos, é fundamental. Praticar com esta
intensidade, com esta alegria, com esta motivação e com esta seriedade é
muito importante.
O que se passa no Desporto Escolar passa depois para o Conselho de Turma,
para os pais. Falando como mãe, ter essa informação sobre os nossos filhos,
sobre o seu percurso escolar e desportivo, e saber que eles estão tão
empenhados num projecto sério e viável em vez de outros que não lhe fariam
tão bem é uma mais-valia para todos”.
Nota essa diferença na personalidade dos alunos?
FAM:
“Estou aqui há mais de 20 anos e vejo isso como directora, como
professora, como mãe, cidadã, elemento da comunidade.
Sou muito a favor do criar uma identidade, algo que nos identifica, e há
momentos ao longo do ano em que vemos estes miúdos com os equipamentos
vestidos e o orgulho com que eles os ostentam. E eu quero acreditar que há
uma diferença pois não se sente nos miúdos aquela agressividade que se sente
no futebol. O Voleibol não tem esse lado tão negro. Há competitividade, há
vontade de vencer, mas não há aquele lado menos saudável que nós vemos, por
exemplo no Futebol, mesmo ao nível da formação.
Aqui na escola é um gosto ver, no princípio do ano, os mais velhos
apresentarem o projecto aos mais novos. Isto muda realmente a vida deles.
Levantam-se cedo ao fim-de-semana porque têm uma competição noutra cidade,
noutro distrito.
Como directora, é com enorme satisfação que posso abraçar, de todas formas
possíveis, um projecto destes. Temos outras modalidades, como a natação e
este ano a patinagem, mas o Voleibol atingiu uma dimensão muito grande, pela
quantidade de equipas.
Trabalhamos muito em conjunto, eles treinam muito nos pavilhões da escola,
gratuitamente. Há um envolvimento enorme de todos… «Amares respira
Voleibol»”.
Os objectivos defendidos pela escola fazem eco nos valores, éticos e
sociais, defendidos pelo Voleibol?
FAM:
“Nesta escola temos um histórico de professores que eram jogadores de
Voleibol. Ainda há pouco tempo tive a oportunidade de estar com dois deles,
numa circunstância até menos agradável. Estava comigo o meu irmão, que é pai
e já teve os dois filhos no Voleibol, e ele encontrou um ex-professor de há
cerca de trinta anos que lhe incutiu o gosto pelo Voleibol. A modalidade tem
que ter valores diferentes porque o modo como as pessoas desenvolvem a sua
personalidade é diferente.
Nesta escola sinto que é um bichinho que começou há trinta anos e esta
geração dos quarenta, que são pais de jogadores, são agora treinadores ou
colaboradores e continuam envolvidos de alguma maneira. Mas nunca teve nas
escolas esta dimensão”.
Como directora, aconselhava outras escolas a abraçarem um projecto desta
natureza?
FAM:
“Tenho várias facetas, vários papéis e nalgumas situações em que a
exigência é um bocadinho grande, mas sempre que tenho oportunidade aproveito
para falar sobre este projecto em contactos profissionais e mesmo na minha
vida particular.
Muitas pessoas não dão conta, mas os miúdos têm uma vida pesadíssima e, ao
contrário do que dizemos agora, não tem nada a ver com a vida que nós
tínhamos no nosso tempo. É-lhes exigido muito e a prática do desporto
ajuda-os a ter uma capacidade de descontração que faz muita falta e,
sobretudo, a gestão do tempo, que nós não tínhamos. O nosso tempo dava para
tudo, tínhamos todo o tempo do mundo.
Eles às vezes estão envolvidos em mais do que um projecto desportivo e vão
jogar ao sábado e ao domingo, para mal dos pecados dos pais, mas aprendem a
tornar o seu tempo elástico e isso para mim é uma das maiores aprendizagens
das crianças, dos jovens e dos adolescentes”.
Testemunhos
"A nossa experiência e conhecimentos estão sempre a aumentar"
Francisco Caleiro – ex-jogador e actual colaborador do Amares
Volei/AAAESA fala da sua experiência no Voleibol:
“Vim
para esta escola estudar para o 11.º ano, repetindo já um ano. Aos 18 anos,
vim já tarde para a prática do desporto escolar, e tive pena por isso, mas
inscrevi-me no Voleibol federado. Com idade de júnior já não deu para fazer
muita coisa, mas entretanto evolui e passei para a universidade onde estou a
tirar um curso de desporto, em Melgaço.
Neste momento, estou a estagiar no Amares Volei/AAAESA como treinador
adjunto, na equipa de juniores e de juvenis e é uma experiência muito
enriquecedora.
Trabalhar com o desporto escolar é bom para todos nós, pois trabalhamos com
os mais pequenos e a nossa experiência e conhecimentos estão sempre a
aumentar e aprendemos não só com os mais fortes mas igualmente com os mais
fracos, pois todos contribuem para o mesmo”.
Março 2018

Clube AAA ESA - Amares Volei
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