Clube Atlântico da Madalena
recebeu a prenda pretendida
FORMAÇÃO DE (UM) SONHO TORNADA REALIDADE

Finalista da Taça de Portugal na época
1978/1979, o Voleibol do CA Madalena conquistaria nas décadas de 70 e 80
quatro títulos de campeão nacional da II Divisão. Mais recentemente, dotado
já com melhores condições ditadas por uma parceria profícua com a autarquia
gaiense que permitiu erigir o tão desejado pavilhão [inaugurado em 2008, foi
concebido como pavilhão oficina particularmente vocacionado para o
Voleibol], o emblemático clube da freguesia da Madalena começaria a apostar
forte na construção de um trabalho de base. A subida à I Divisão em
2012/2013, após a conquista de mais um título de campeão nacional, ajudaria
a captar e cativar os atletas mais pequenos, injectando «sangue novo» num
clube ainda alicerçado no empenho dos sócios mais antigos...

Fernando da Silva Ribeiro, sócio n.º 78 e Presidente da Direcção,
destaca o papel decisivo do Pavilhão Municipal Atlântico da Madalena no
salto qualitativo e quantitativo dado pelo CA Madalena nos últimos anos.
FERNANDO
DA SILVA RIBEIRO:
“Após alguns anos e alguns êxitos, no Ténis de Mesa e no Voleibol, pese
embora a limitação em termos de instalações desportivas, o grande
impulsionador do Voleibol acabou por ser este magnífico e muito desejado
pavilhão.
Uma situação que se deve ao empenho do nosso clube e à Câmara Municipal.
Dado que éramos detentores do terreno onde foi erguida a infra-estrutura,
tivemos de fazer um casamento perfeito para que ambas as partes ficassem
beneficiadas. E assim foi: o município com o desenvolvimento desportivo, que
era e continua a ser uma grande aposta da autarquia; o clube porque tinha
necessidade de crescer e conseguiu o seu intento.
E crescemos sobretudo ao nível da formação, pois somos essencialmente um
clube de formação, sem descurar, naturalmente, a possibilidade de crescer em
número de títulos e conquistas, pois um dos objectivos de toda a formação é
atingir outros escalões maiores. É isso que temos vindo a querer fazer e
estou contente por poder dizer que temos tido algum sucesso”.
Começaram por ter sucesso a nível de seniores; agora com mais de duas
centenas de miúdos, apontam para que objectivos?
FSR: “Já tivemos alguns êxitos e queremos ter ainda mais ao nível da
formação. Temos muitos jovens, sobretudo nos femininos. Começámos com os
masculinos, mas estamos em plena transformação pois neste momento temos mais
raparigas do que rapazes.
O que é que atrai estes jovens? Se calhar, o convívio que está por trás de
todo o conjunto de iniciativas que organizamos. É evidente que é muito
importante a forma como os treinadores se comportam perante esta juventude,
trabalhando com todo o seu empenho para fazerem deles grandes futuras
promessas do Voleibol nacional. E estamos convencidos que muitos dos atletas
que temos aqui serão grandes promessas do nosso Voleibol.”
Olhando para trás, as metas que o clube pretendia atingir foram
alcançadas?
FSR: “Eu diria que estão a ser atingidas. Não foram mais cedo pelas
contingências que tínhamos ao nível do espaço para a prática da modalidade,
mas estamos esperançados em alcançar rapidamente os objectivos a que nos
propusemos.
O Voleibol foi sempre a menina dos olhos na freguesia da Madalena. Começámos
a viajar pelo país todo, sobretudo há duas, três décadas, quando fomos,
inclusive, finalistas da Taça de Portugal, com o SL Benfica, nas Caldas da
Rainha, e agora somos um clube conhecido.
Claro que há épocas melhores e outras piores, em termos de resultados, mas
para nós o resultado é sempre positivo quando vemos todos estes jovens à
nossa volta, com tanto entusiasmo no que fazem e com tanta vontade de
vencer”...
Ainda há algum sonho por realizar?
FSR: “Há. Embora os sonhos sejam sempre realizados quando a alma não
esquece esses objectivos, nós gostaríamos de ter também a equipa de
femininos a disputar a I Divisão Nacional. É um objectivo latente, pois no
meio de tantas raparigas esforçadas é bem possível que em algum momento
possamos vir a construir uma grande equipa”.
João Pedro Vieira: “Transformar o Atlântico da Madalena
numa referência do Voleibol nacional”
João Pedro Vieira coordena a Formação e é o Treinador dos Seniores
Masculinos desde há quatro anos.
JOÃO
PEDRO VIEIRA: “É um projecto que se iniciou há alguns anos, quando eu
vim treinar a equipa de seniores masculinos e, posteriormente, assumi também
as funções de Coordenador Técnico dos escalões de formação.
Nessa altura, iniciámos uma reformulação do modelo que estava implantado
neste clube, alterámos várias coisas e, inclusive, implementámos uma nova
mentalidade.
E vendo o crescimento do número de atletas, que é de facto significativo e
cada vez mais expressivo de ano para ano, creio que isso é um indício de que
estamos a trabalhar bem e no bom caminho e um sinal de que aquilo que
tentamos proporcionar à comunidade está a ser bem recebido.
Queremos que o atleta, ao ter a possibilidade de participar na vida activa
do clube, possa praticar desporto e formar-se também a nível cívico e
social, dentro de um grupo que tem já alguma história na modalidade.
Agora, conseguimos diariamente encher o pavilhão com os nossos escalões de
formação, desde os minis aos juniores e sentimos também um certo orgulho em
poder dizer que estamos a trabalhar bem.
Todas estas transformações fazem com que as pessoas que estão aqui
diariamente sintam orgulho no projecto do clube”.
Como foi possível aliar a qualidade à quantidade?
JPV: “O que temos vindo a realizar é um trabalho de continuidade. Ao
iniciarmos este trajecto, rodeámo-nos de um grupo de treinadores e de um
leque de colaboradores que nos permitissem ir evoluindo de uma forma
sustentada.
Temos procurado evoluir no sentido de ir colmatando algumas lacunas e,
simultaneamente, conseguir que a nossa equipa técnica perceba onde estamos e
para onde queremos caminhar... E acredito que estamos a caminhar com passos
sólidos para poder transformar o Clube Atlântico da Madalena num clube de
referência do Voleibol nacional”.
Nesse percurso, para além de cativarem os miúdos, também tiveram de cativar
os pais...
JPV: “Isso é uma parte fundamental daquilo que é hoje em dia o
desporto federado a nível das camadas jovens. Neste momento, não há nenhuma
modalidade que consiga auto-sustentar-se sem a ajuda dos encarregados de
educação. Necessitamos desse apoio e dessa capacidade de angariar a
motivação dos pais para proporcionar as melhores condições possíveis aos
nossos atletas.
E os pais têm-nos ajudado bastante. Em cada escalão contamos com um grupo de
pais que ajuda directamente esse escalão e felizmente temos trabalhado no
sentido de criar um núcleo de pessoas que nos permitam realizar várias
iniciativas. Há várias ideias que temos vindo a pôr em prática. Para 2015,
temos algumas ideias para avançar, como o I Fórum Desportivo do Clube
Atlântico da Madalena. Queremos criar algumas condições para os atletas
poderem usufruir de outro tipo de ensinamentos e de abordagens ao desporto e
gostaríamos que fosse uma realidade no decorrer desta época”.

A par do Voleibol indoor, existe a vertente do Voleibol de Praia...
JPV: “Devemos ser dos poucos clubes que têm a vertente do Voleibol de
Praia a funcionar o ano todo.
Temos um grupo de treinadores a trabalhar diariamente com escalões seniores.
Neste momento, funciona para maiores de 19 anos. É engraçado porque muitos
dos atletas não têm como fim a competição, mas sim a recreação, o lazer, ou
seja, mais a vertente social, embora haja torneios realizados mensalmente
para essas pessoas, muitas das quais são pais dos atletas que estão no
Indoor.
A ligação tem sido muito engraçada de ver e é essa simbiose que nós queremos
que passe dos encarregados de educação aos atletas e que haja também uma
capacidade de formarmos uma identidade de clube cada vez mais vincada, com
valores bem assimilados pelos nossos atletas. Nós temos vindo a fazer isso
e, neste momento, vemos imensos atletas a trabalhar, temos muitos escalões e
uma equipa de seniores na I Divisão...
Só que isto é um trabalho ainda muito recente. Não temos ainda um historial
com 200, 300 atletas que se mantenham durante 10, 15 anos, por exemplo, com
uma equipa de seniores na I Divisão. Está a acontecer agora e nós queremos
sustentar todo o processo, sendo lógico que é necessário um esforço
colectivo, entre atletas, pais, dirigentes, treinadores, para poder pôr isto
a andar”.
Que género de compensações traz o trabalho com a formação?
JPV: “É muito gratificante. É completamente diferente de trabalhar
com uma equipa sénior, pois focamo-nos em objectivos necessariamente
diferentes, que idealizamos e que vão formar o carácter de cada atleta.
Gostamos e queremos que isso aconteça. Queremos ter atletas com capacidades
físicas e mentais fortes, pelo que é fundamental aliarmos a parte desportiva
a um bom aproveitamento escolar.
Às vezes, aparecem aqui e ali algumas situações, que, com a ajuda dos
encarregados de educação e do corpo técnico, vamos conseguindo resolver. Há
atletas que não têm um aproveitamento escolar tão bom, mas que adoram estar
aqui, e são castigados pelos pais com a ausência nos treinos.
Quando o atleta/aluno não está a cumprir, temos de tomar medidas: obrigar,
no bom sentido, o atleta a estudar, por isso ser benéfico para o seu
aproveitamento escolar, mas também facilitar a sua participação nos treinos,
de modo a que possa continuar a ser um bom atleta.
Há já vários exemplos de que o trabalho que temos feito em colaboração com
os pais tem resultado: atletas que melhoraram as suas notas porque
continuaram a treinar mas sempre condicionados a um determinado acordo entre
nós e creio que isso é muito positivo”.
O
Voleibol é acarinhado, também, pelos adeptos?
JPV: “Penso que o melhor testemunho disso é que se tem verificado um
crescimento muito grande, não só no número de atletas presentes nos escalões
que temos a competir, mas também no número de pessoas que vêm assistir aos
jogos.
Lembro-me que quando cheguei ao clube, quem via os jogos das equipas de
formação eram os pais de alguns atletas daquele escalão ou um ou outro amigo
que vinha ver e as bancadas estavam quase desertas.
Também trabalhámos nesse sentido, relacionando os escalões e tentando
aproximar os jogadores, mostrando-lhes a importância de apoiar os outros
atletas do clube, de observar e aprender com os outros... Nos últimos anos,
conseguimos ter vários escalões nas fases finais dos respectivos campeonatos
e notou-se muito esse espírito de entreajuda e de apoio entre os atletas dos
vários escalões.
Agora, essa situação acontece semanalmente, o que nos torna um clube mais
forte, mais coeso.
É lógico que o facto de os seniores terem subido à I Divisão também
influenciou nesse sentido ao chamar as pessoas para cá, como alguns pais dos
atletas que não estavam tão identificados com a modalidade, para assistirem
a um bom espectáculo desportivo”.
Como foi feita essa «aproximação»?
JPV: “Consoante entravam nos Minis, os atletas iam sendo incentivados
a verem os jogos dos outros escalões, para começarem a ter o culto da
modalidade e não se limitarem apenas a praticar um desporto por praticar e
ao fim de um mês acharem que não gostaram, sem saberem bem por quê, e irem
embora.
Assim, começaram a perceber como é que determinado escalão passa a jogar de
2x2 para 4x4 e deste para 6x6, a ter que sair no final de cada set e a
depois deixar de o fazer, etc.. Eles começam a ver isso e no último jogo que
disputamos com o SL Benfica em casa o pavilhão esteve completamente cheio e,
inclusive, tivemos de pôr bancadas junto ao campo, para os nossos escalões
de formação poderem ver o jogo. E esses atletas deram um apoio muito grande
à equipa sénior. Isso é extremamente gratificante para mim, porque estou cá
há quatro anos, e faz-me sentir que um dos objectivos do nosso trabalho está
a ser cumprido”.
Artur e Pedro são a prata da casa

Os juniores Artur Resende e Pedro Caranguejeiro são produtos caseiros
da formação do CA Madalena.
Como é que viste na altura em que chegaste e como vês agora o trabalho que
está a ser desenvolvido com os escalões mais jovens?
PEDRO CARANGUEJEIRO: “Evoluiu muito, desde o dia que entrei e até agora,
tanto a nível da formação como a nível de seniores, que subiram para a I
Divisão. Essa situação, bem como o novo projecto, as ideias das novas
pessoas que vieram mudar um pouco a realidade do clube, motivaram a entrada
de mais atletas para a formação do clube.
Para mim, é um orgulho representar o clube e é sempre bom treinar e jogar ao
lado de atletas conhecidos a nível internacional.
O que eu posso dizer aos mais novos é: «Venham ao clube, experimentem, pois
certamente vão gostar da nossa maneira de trabalhar e de pertencer a esta
família do Voleibol».
Antes dos nossos treinos, temos sempre alguns momentos de brincadeira com os
mais novos, pois os mais pequenos não têm só o treino puro, têm também a
vertente do divertimento.
É nesses momentos de convívio que ficam a conhecer melhor os jogadores mais
velhos, que eventualmente usarão como modelos.
Não posso dizer que seja um sonho que alimente, mas como já estou no meu
último ano de júnior, o meu objectivo é jogar na equipa sénior na próxima
época e evoluir sempre. O meu grande objectivo é esse: nunca deixar de
evoluir no meu trabalho”.
Como é que os jogadores mais experientes, pese embora a sua juventude,
acompanham o trabalho dos escalões de formação?
ARTUR RESENDE: “Embora eu também faça parte da equipa sénior, eu e o
Pedro temos a mesma idade e estamos os dois nos juniores do clube. Integrar
os seniores é uma experiência diferente, mas os mais velhos apoiam os mais
novos, e falo por mim porque também sou um dos mais novos. Tanto os atletas
como a equipa técnica dos seniores ajudam muito os mais novos e contribuem
para a sua evolução como jogadores.
No fundo, o objectivo deles é o objectivo do clube.
Os mais novinhos estão aqui, sobretudo, para aprender, para gostar disto e o
nosso objectivo máximo relativamente aos Minis e às camadas jovens é
fazê-los crescer como jogadores e, assim, contribuirmos para fazer crescer a
própria modalidade.
Tanto eu como o Pedro somos atletas do CA Madalena desde que este pavilhão
foi inaugurado (2008), e creio que foi esse o momento que deu início a este
projecto de trabalho da formação, notando-se desde aí uma nítida evolução.
Neste momento, estamos a chegar ao escalão máximo, que são os seniores, e os
mais novos começam a ter-nos como referências, daí a facilidade da nossa
interacção com eles.
Os próprios pais dos miúdos acompanham o nosso percurso e têm carinho pelos
atletas mais antigos no clube, enquanto os mais novos nos vêem como ídolos,
se é que posso usar essa palavra para definir a forma como acompanham o
nosso trabalho e treinam e brincam connosco.
Como todos os outros jogadores, temos sonhos. Considero que o nosso único
objectivo deve ser trabalhar, trabalhar, pois só dessa forma conseguiremos
atingir os nossos sonhos”.
Eduardo Jamal: “A escola deve
estar sempre em primeiro lugar”
Eduardo Jamal é o responsável pelo
sector feminino da formação.
Que
características é que as/os atletas precisam de ter para evoluírem?
EDUARDO JAMAL: “Do meu ponto de vista, para conseguirem evoluir hoje em
dia, os atletas têm de ter atitude, empenho e dedicação.
A escola deve estar sempre em primeiro lugar e é importantíssimo que os
atletas consigam conciliar os estudos com os treinos, ganhando um equilíbrio
que lhes permita dar o seu máximo tanto a nível escolar como desportivo.
No sector feminino, temos um grupo de trabalho com atletas com uma estatura
mais alta, no entanto, ainda existem muitas atletas com uma estatura baixa.
Há que trabalhar cada vez mais e reforçar outros aspectos que não dependam
exclusivamente da altura e melhorar para que o nível de Voleibol seja cada
vez mais evoluído”.
O trabalho do grupo de treinadores tem contribuído também para o aumento
quantitativo dos atletas...
EJ: “Acreditamos que estamos a fazer um bom trabalho e as reacções dos
que nos rodeiam tornam isso evidente.
Estou aqui há quatro anos. Começámos o trabalho com uma equipa de femininos
e agora temos uma equipa em cada escalão de formação, à excepção da equipa
de juvenis.
Temos realizado um trabalho bastante positivo, que beneficiou também com a
subida da equipa sénior, que trouxe mais visibilidade ao clube e atrai
bastante atletas para o clube.
Conseguimos ter um conjunto de atletas bastante alargado para trabalhar. E
quando há muita quantidade, consegue-se atingir mais facilmente a qualidade,
pois há sempre um ou outro atleta que consegue evoluir bastante e atingir um
nível de uma selecção, que é o que está a acontecer neste momento.
E conseguimos também levar equipas às fases finais dos campeonatos”.
Qual deverá ser o próximo passo?
EJ: “Temos de criar uma cultura desportiva no clube que possa vir a
transmitir valores muito positivos aos nossos atletas. Uma atitude que no
fundo possa fazer com que a transferência dos valores do desporto para a
vida social seja feito com eficácia.
O balanço que faço é positivo. Estamos a evoluir e temos de criar uma
cultura desportiva para conseguirmos, com o passar dos anos, ganhar uma
mística como a que possuem os grandes clubes.
A equipa sénior de masculinos é já uma referência e nos femininos começámos
a ter praticamente todos os escalões e temos atletas a frequentar os Centros
de Formação e a ser chamadas aos trabalhos das Selecções Nacionais. Essas
atletas começam a ser vistas como modelos ou ídolos para as outras mais
novas, fazendo com que estas tentem progredir no seu trabalho e alcançar os
mesmos objectivos”.

Finalista da Taça de Portugal em 1978/1979; o CA Madalena sagrou-se
campeão nacional da II Divisão nas épocas de 1977/78, 1982/83, 1983/1984*,
1986/1987* e 2012/2013.
Foi ainda campeão nacional em Juvenis masculinos na época de 1974/75 e
campeão nacional de Minis B Femininos em 2012/2013.
* Denominada I Divisão
Dezembro 2014

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