AV PORTO: PRONÚNCIA DO NORTE
NA MENSAGEM DA MODALIDADE

Nascida em 31 de Março de 1942, tendo como
sócio-fundadores o Académico Futebol Clube, a Associação Académica de
Espinho, o Real Clube Fluvial Portuense, o Sport Clube do Porto, o Estrela e
Vigorosa Sport, o Clube Portuense dos Desportos e o Vilanovense Futebol
Clube, a Associação de Voleibol do Porto, vulgo AVP, foi, volvidos cinco
anos, fundadora da Federação Portuguesa de Voleibol. Em Março de 1992,
foi-lhe concedida pelo Estado a Medalha de Bons Serviços Desportivos pelo
trabalho desenvolvido no capítulo da Formação.
Dada a sua enorme vocação e responsabilidade formativa, a AVP acompanhou
sempre o crescimento dos próprios atletas e as gerações dos seus sucessores,
reforçando laços desportivos e sociais e incentivando o envolvimento dos
pais na actividade dos filhos, ajudando a levar a mensagem desportiva da
modalidade a toda a região Norte do País e mesmo a outros países que
participaram nos torneios internacionais promovidos pela AVP.
E ao longo dos seus 74 anos de existência, foi agregando cada vez mais
associados e crescendo com eles; actualmente, são já 42 os clubes que
contribuem para tornar a AVP a maior associação de Voleibol do País.

Joaquim Vilela está há já três décadas
na Presidência da AVP.
JOAQUIM
VILELA:
“Quando me perguntam como é que se consegue manter uma associação no topo do
Voleibol nacional, respondo: com muito trabalho.No momento em que integrámos
a Direcção da Associação, ela estava em quarto lugar no ranking (em termos
de dimensões, importância, etc.) e agora representamos cerca de 60 por cento
do Voleibol nacional, o que é bem significativo.
Também ajudou o bom relacionamento com a entidade que rege o voleibol a
nível nacional.Fomos fundadores da FPV, que conseguimos trazer para o Norte
em 1972 e a quem sempre demos o nosso total apoio. O entendimento tem sido
sempre óptimo com as pessoas que têm estado à frente da Federação. Apoiamos
a Federação em tudo o que ela precisa para engrandecer cada vez mais o nosso
Voleibol”.
O que é que se destacou mais no desfiar dos
74 anos?
JV: “Há um marco histórico, em 1982, quando organizámos o I Torneio
Internacional de Voleibol. Esta competição, dirigida a seniores masculinos e
femininos, realizou-se durante 13 anos consecutivos!
Mais: na edição inaugural foi realizada a primeira transmissão televisiva de
um jogo de Voleibol. O jogo, transmitido a nível nacional, opôs a Selecção
Regional da AVP e a Selecção do País Basco.
Ao longo das suas treze edições participaram selecções regionais e nacionais
de Portugal e de países como Espanha, Marrocos, Argélia, Escócia,
Luxemburgo, Tunísia, Turquia, Finlândia, Israel ou Hungria.
Depois, a RTP começou a transmitir as finais de todos os outros torneios.
Tivemos o prazer de ter altas individualidades presentes, que nos
acompanharam sempre ao logo dessas competições, algumas das quais recordamos
com saudade como o Prof. Manuel Puga.
Para além disso, e ao longo de mais de três décadas, iniciámos e
implementámos alguns projectos que evoluíram e geraram alguns bons
jogadores.
Nos
anos 80 começámos a trabalhar com as Selecções Regionais. Nessa altura, as
Selecções Nacionais tinham como sustentáculo as selecções regionais, tanto
de seniores como de juniores, masculinos e femininos.
Tínhamos a preocupação de todas as semanas trabalharmos as selecções
regionais de seniores no Colégio de Gaia. O que era curioso é que os jogos
da I Divisão, nessa altura, realizavam-se ao sábado à noite e acabavam, a
maior parte deles, à meia-noite ou uma da manhã de domingo. E às 8 ou 9
horas, os jogadores que estavam convocados e que tinham jogado até essa
hora, já estavam a treinar no Colégio de Gaia até às 14 horas. Depois
almoçavam lá, tudo responsabilidade da Associação.
O nosso treinador regional na altura era o professor Rios da Fonseca, que
fez um trabalho muito interessante nas Selecções Regionais… Também na
Páscoa, fazíamos concentrações de selecções regionais de juniores, no
Colégio dos Carvalhos.
Tenho pena que se tenha acabado com as selecções regionais, até porque
defendo que o trabalho com as selecções de formação devia ser feito pelas
associações, e a Federação só teria, depois, de trabalhar com as Selecções
Nacionais, que é para isso que está devidamente vocaciona”.”.

O Dia do MiniVoleibol no dia 10 de Junho é sagrado”
JV: “A AVP foi ainda a impulsionadora do Mini-Voleibol, nas pessoas dos
professores Rios da Fonseca e Teodemiro de Carvalho e do saudoso Freitas
Alves. Presentemente, o Mini-Voleibol tem um peso muito grande para nós, com
mais de mil atletas.
Desde há 30 anos que organizamos o Dia do Mini-Voleibol, sempre no dia 10 de
Junho. Na segunda edição do evento, em 1982/83, nos Jardins De Arca d’Água,
tivemos a visita do General Ramalho Eanes, Presidente da República, com
direito a transmissão televisiva em directo. Nessa altura, ainda trabalhava
connosco o Professor Vicente Araújo, actual Presidente da Federação, que era
o nosso Director Técnico Regional, juntamente com o Professor Teodemiro,
actual Secretário-Geral da Federação, e temos continuado a organizar o Dia
do Mini-Voleibol anualmente no dia 10 de Junho, pois, para nós, é sagrado
que isso aconteça”.
Entretanto, a Federação lançou um fenómeno chamado Gira-Volei, que veio
tornar ainda mais significativo o peso da AVP a nível nacional na
modalidade.
JV: “Confesso que, na altura, tive medo que viesse prejudicar o
trabalho realizado com o Mini-Voleibol, mas depois vi que, efectivamente,
era a maneira de podermos alargar a prática da modalidade para além dos
limites das cidades onde há Voleibol e de penetrarmos no interior do País. E
efectivamente isso resultou. Chegámos a ultrapassar num ano as 20 mil
inscrições no Gira-Volei. Presentemente, baixámos um pouco esse número,
devido ao facto de terem encerrado várias escolas ou de estarem agora
integradas em agrupamentos e também porque as outras modalidades adaptaram o
modelo do Gira-Volei nas escolas à prática do seu desporto. Temos jogos de
Mini-Voleibol praticamente todos os domingos, desde Outubro a Junho, dos
vários escalões. Os clubes continuam a aderir muitíssimo bem ao
Mini-Voleibol. Gostava de acrescentar que por causa do Gira-Volei vimos
nascer mais de uma mão-cheia de clubes no interior, o que é muito
importante.
Os Centros de Formação Regional são também um Projecto muito importante para
esta Associação. Esta iniciativa da FPV tem por objectivo enquadrar no
percurso para o alto rendimento jovens com elevado potencial, desenvolvendo
um trabalho que contempla apenas o aperfeiçoamento exaustivo das componentes
técnicas da modalidade”.

Durante estes anos todos, a AVP viu nascer alguns clubes e acompanhou o
crescimento e evolução de muitos atletas. O que espera poder ainda
concretizar: um sonho, um projecto?
JV:
“Tem sido um trabalho enorme, que implica muito sacrifício por parte da
nossa Direcção, da Maria Helena, do Marcelino Tavares [vice-presidentes], do
Miguel Cardoso, o nosso Director Técnico Regional, que trabalham imenso para
o crescimento do Voleibol.
Temos uma boa equipa de trabalho e vamos ver se conseguimos que se mantenha
após as eleições (em Novembro)… Se continuarmos,vamos tentar fazer sempre o
máximo que pudermos pelo crescimento do Voleibol, que é o que nos traz à
Associação e o que nos continua a dar ânimo.
Agora, nunca estamos totalmente satisfeitos com aquilo que realizamos,
queremos sempre mais… Gostava de ter mais apoios, embora tenhamos bastantes.
E estamos a organizar muitos eventos fora do centro da cidade e do distrito
do Porto. Ainda agora estamos a trabalhar em Lousada, com a organização do
Dia do Mini-Voleibol. Fizemos lá um estágio dos nossos Centros de Formação,
femininos e masculinos, o Encontro Municipal do Gira-Volei e o Encontro
Regional no Marco de Canaveses.
Não paramos. Todas as semanas temos trabalho a desenvolver em acções
organizadas por nós ou apoiando actividades da Federação, com quem
colaboramos com todo o prazer”.

Maria Helena Vilela:”A Associação é deve ser vista como um todo”
A Vice-Presidente Maria Helena Bi Madeira Vilela,
esposa de Joaquim Vilela, destaca o trabalho de uma equipa unida que é
preciso manter para levar o barco a bom porto.
MARIA
HELENA VILELA: “É um trabalho que envolve um grupo de pessoas muito
empenhadas no desenvolvimento do Voleibol e que constitui um grupo muito
unido. Não há ninguém que consiga fazer alguma coisa de relevo sozinho.
Tem que haver um contributo de todos e um trabalho conjunto para atingir os
mesmos fins. É um conjunto de ingredientes que faz o bolo completo. Não
posso salientar aspectos isolados, pois é importante que vejamos a acção da
Associação como um todo”.
Olhando para trás, o que mudaria?
MHV: “Praticamente nada. O Voleibol trouxe-me muita satisfação, uma
série de amigos. Gosto imenso da modalidade e de conviver com os atletas e
com as pessoas que o Voleibol envolve…
A razão de estarmos os dois aqui, na Associação, é engraçada e prende-se com
o facto de a nossa filha mais velha ter jogado Voleibol no CDUP, numa altura
em que o treinador era o Prof. Fernando Luís. Quem jogava lá também era a
Beatriz Simões, irmã do árbitro Avelino Azevedo e filha da D. Beatriz, que
era Vice-Presidente da Associação de Voleibol do Porto. Com a saída de dois
directores e como nós acompanhávamos sempre o Voleibol, a D. Beatriz
convidou-me para integrar a AVP.
Os tempos eram outros e como, na altura, tínhamos filhos relativamente
pequenos, eu respondi-lhe «gosto muita da modalidade, mas não posso deixar o
meu marido e filhos em casa para vir trabalhar para a associação». Passado
algum tempo, a D. Beatriz disse-me: «Se o senhor Vilela estiver de acordo,
por que é que não vêm os dois trabalhar para a associação?»”.
Foram e…não se arrependeram, tendo permanecido ao longo do equivalente a uma
geração na Direcção da associação que rege o Voleibol nortenho.
MHV: “O que ficou por concretizar? Bem, o pensamento não pára, pelo
que todas as oportunidades que surgem devem ser agarradas e aproveitadas
para o desenvolvimento da modalidade. É assim que pensamos e sempre
continuaremos a pensar”.
Luís Miguel Cardoso: “Luta diária que nos mantém
focados nos objectivos essenciais”
Luís Miguel Cardoso, Director Técnico Regional, pertence a uma geração
mais recente, mas nem por isso menos determinada em conquistar cada vez mais
espaço para o Voleibol.
LUÍS
MIGUEL CARDOSO: “Pessoalmente, o Voleibol foi sempre muito importante
para mim, desde criança e por isso julgo que também é, de alguma forma,
dando um pouco de mim à modalidade que consigo retribuir tudo aquilo que ela
me deu.
E trabalhar na AVP é um desafio diário e constante, do qual é muito
complicado conseguirmos abstrair-nos, pois é muito envolvente e tem muitas
dimensões: tem muitas provas, há a questão do Mini-Voleibol, o Gira-Volei,
os Centros de Formação, os cursos de árbitros, que durante muitos anos eram
acompanhados de cursos de treinadores. Ainda apanhei durante alguns anos o
trabalho com as selecções regionais.
É um trabalho muito diversificado e muito exigente em termos pessoais.
Prescindimos muito daquilo que poderia ser a nossa vida pessoal para
estarmos disponíveis para o Voleibol, mas fazemos isso com todo o prazer”.
Num trabalho que envolve alegrias e sacrifícios, como é ver atletas que
nascem para a modalidade no Mini-Voleibole no Gira-Volei e que, passados
alguns anos, atingem grandes clubes e mesmo a Selecção Nacional?
LMC: “É espectacular! Trabalhar na Associação dá-nos essa perspectiva
global. E é interessante ver que isto acontece por gerações; acontece como
as marés. Em determinada altura aparece um grupo de atletas que depois se
consegue manter ao longo dos anos na ribalta do Voleibol e colocar a esse
nível o clube que representa e estar presente nas fases finais.
Estou na AVP desde 2000 e é engraçado ver isso acontecer. Durante alguns
anos chegámos a ter a Selecção de Mini-Voleibol, que participava nos
torneios da Madeira, e nessa altura ainda era mais visível os miúdos que
eram captados ainda em tenra idade, passarem das selecções do Mini-Volei
para os Centros de Formação, daí para as Selecções Regionais e, depois,
aparecerem nas Selecções Nacionais e isso é um motivo de orgulho, pois
julgamos que, a par dos clubes, também conseguimos contribuir com alguma
coisa para que esses miúdos atletas tivessem sucesso”.

Com a concorrência de outras modalidades e apelos vários que vão mudando com
as gerações, como é possível continuar a captar e, seguidamente, cativar,
crianças e jovens para o Voleibol?
LMC: “Actualmente, é um trabalho muito difícil, perante o quadro que
tutela a questão das Actividades Extra Curriculares. Enquanto as AEC’s
estiveram sob a tutela das diversas câmaras municipais, nós conhecemos um
incremento muito grande no Gira-Volei. Era mais fácil implantar o
Gira-Volei em determinados municípios. A partir do momento em que as AEC’s,
na sua maioria, saíram da tutela das Câmara Municipais e passaram para os
agrupamentos de escolas, é bastante mais difícil, pois os mega agrupamentos
são entidades enormes, com interesses diversos e muito pouca disponibilidade
para pensar nas vantagens que um projecto como o Gira-Volei oferece.
Para além disso, com outros projectos similares que foram aparecendo nas
outras modalidades tornou-se tudo mais difícil, mas temos conseguido.
Na Casa do Desporto estão sediadas as associações regionais da maior parte
das modalidades e é interessante constatar que as associações que estão aqui
sediadas são as maiores das respectivas modalidades, seja do Basquetebol, do
Andebol, da Natação ou do Futebol. Isso traz-nos mais responsabilidades e
acresce a competição e não permite descansar à sombra da bananeira.
É uma luta diária e que nos mantém completamente focados naquilo que são os
nossos objectivos essenciais: aumentar o número de atletas, aumentar o
número de clubes, dar condições para os que existem também consigam
estruturar-se e aumentar os seus atletas. Hoje em dia, o Dia do Mini-Voleibol
é um torneio incrível, com 1400 / 1500 miúdos a praticarem a modalidade
durante o dia inteiro. Julgo que mesmo a maioria das pessoas que lá estão
não têm ideia da componente logística envolvida para organizar uma
competição com aquelas dimensões. A Direcção da AVP conseguiu apetrechar a
associação com os meios para realizar uma competição destas com muita mais
facilidade”.
Em jeito de conclusão…
LMC: “Desempenho as minhas funções com imenso prazer, embora o
trabalho do director técnico seja muito diferente do de professor. Tem as
suas vantagens e desvantagens. Adoro ser professor e como actualmente estou
requisitado a tempo inteiro não tenho a oportunidade de usufruir do ensino.
Tenho muitas saudades da escola. É verdade que no meu desempenho das funções
de DTR, perco muito o contacto directo com as crianças. Sinto muitas
saudades desse contacto diário e de trabalhar com turmas.
Mas há vantagens e penso que de uma forma ou de outra, temos conseguido
contribuir para o desenvolvimento da modalidade. Nem sempre temos sucesso e
estamos conscientes que uma má decisão pode ter consequências desastrosas a
vários níveis, mas este percurso tem sido muito gratificante no nosso
crescimento enquanto seres humanos e dá-nos muita força”.
Maio 2016

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