ALA NUN’ÁLVARES DE GONDOMAR:
O CONDESTÁVEL CLUBE DA FORMAÇÃO

Foi a Ala Nun’Álvares de Gondomar que
introduziu o Voleibol em Gondomar, com o escalão de masculinos, em 1943, e
com o de femininos, em 1965, épocas em que o Voleibol se praticava ao ar
livre, dispondo, então, do chamado campo de ténis do Monte Crasto, onde os
encontros atraíam numerosa assistência. Passado algum tempo, o clube começou
a ser conhecido pelo seu trabalho formativo.
E agora, volvidas umas dezenas de anos, a Ala conquista um título quase
todas as épocas. Um percurso de sucesso que é, justificadamente, motivo de
orgulho, embora todos tenham consciência de que a verdadeira riqueza do
clube continua a consubstanciar-se nas pessoas que lhe dão vida, geração
após geração, e que sentem o clube como parte vital das suas vidas...
João Nuno Lopes Ferreira é Presidente do clube
há já quase três décadas. Sob a sua liderança, e até aos dias de hoje, foram
conquistados 19 títulos no Voleibol, mas o primeiro continua a ser aquele
que lhe provoca mais gratas recordações.

A
Ala comemorou 90 anos no passado dia 30 de Setembro. A pujança do clube
corresponde à sua idade?
JOÃO NUNO FERREIRA: “Neste caso, a idade avançada corresponde a um
vigor extraordinário e a Ala tem, de facto, uma aceitação social elevada
pelos bons serviços que tem prestado à comunidade.
A nível desportivo, temos três modalidades: o Voleibol, o Ténis e o Ténis de
Mesa. E há ainda na parte cultural o Grupo Coral e uma secção de teatro.
Temos também a música, que neste momento não está em grande actividade, mas
que também constitui um dos nossos objectivos na área cultural”.
É um clube virado para a comunidade; esta tem (cor)respondido?
JNF: “Muito bem. Esse é um aspecto importante e que nos apraz
registar: a boa cooperação que a comunidade dá à Ala. Conhece os serviços e
vai correspondendo para que possamos de facto cumprir os nossos objectivos.
Por exemplo, houve um empenhamento muito grande de toda a comunidade na
construção do pavilhão, um feito enorme e que reuniu o interesse de todos, o
que, como se calcula, foi uma obra muito cara.
Este terreno foi doado, em grande parte, pela paróquia, e a Câmara também
contribuiu com uma parte do terreno.
Nós gostamos de ser campeões, mas o que queremos sobretudo é que a população
possa usufruir deste espaço. E ele começa a ficar curto, a ficar pequeno.
Temos de pensar em ampliar.
Como presidente, eu queria melhorar ainda mais a parte desportiva, para que
pudesse ter um alcance maior, abrangendo mais gente.
Torna-se uma tarefa complicada, sobretudo nos tempos que correm, mas gostava
de poder proporcionar a cada vez mais gente, sobretudo aos jovens, a
oportunidade de passarem por cá e poderem assim fugir doutros ambientes que
são perversos para eles”.
Nesta
presidência de décadas, quais foram os factos mais marcantes?
JNF: “Estou na presidência do clube há já 26 anos e, como tal, houve
vários aspectos importantes, nomeadamente a construção do pavilhão, que
ocorreu na década de 90 e que permite toda esta projecção.
Somos uma entidade que está muito entrosada no meio social e vai realizando,
ano após ano, as suas actividades, o que torna difícil dar mais relevo a um
ou outro facto.
Mas poderia salientar a nossa afirmação nos campeonatos nacionais e os
títulos que vamos ganhando no Voleibol, sobretudo nas camadas de formação,
embora também tenhamos alguns nos seniores. Estes factos constituem
efectivamente actos marcantes que nós muito prezamos referir”.
A cadência de títulos conquistados parece ser boa, com praticamente um
título por época...
JNF: “Nos últimos anos, aconteceu isso quase todas as épocas no
Voleibol. Este ano alcançámos o título da III Divisão de seniores femininos.
Em anos anteriores foi nas camadas de formação e quase em cada época temos
um título alcançado, sobretudo nas camadas de formação”.
Pessoalmente,
qual foi o título que mais o tocou?
JNF: “Sem dúvida, o primeiro que nós ganhámos. O título de campeão
nacional de juniores masculinos, na época de 1991/92. Estava na presidência
do clube há quatro ou cinco anos e foi o nosso primeiro título, foi muito
saboroso e foi aquele que mais me marcou até agora.
Foi o primeiro de quase duas dezenas de títulos, que culminaram, na época de
2012/2013, com o de campeão nacional da III Divisão em seniores femininos”.
Paralelamente ao sucesso no campo
desportivo, a Ala é conhecida pelo trabalho social, desenvolvido sobretudo
com os mais jovens...
JNF: “Fizemos sempre questão de acompanhar os jovens. Deparamo-nos
com casos de jovens que tinham problemas de ordem social e familiar e que
nós ajudamos a recuperar.
Temos ainda exemplos de alguns jovens que não podem contribuir para as
despesas e nós acolhemo-los na mesma para que possam progredir na sua vida.
A construção do homem no seu todo é uma preocupação que temos. E pela via do
desporto e da cultura tentamos que os jovens se tornem homens integrais”.
Jorge Bessa Jr.: “Temos todos
mais ou menos o mesmo pensamento”
Jorge Bessa Júnior, treinador dos seniores masculinos, mostra-se
satisfeito por orientar uma equipa de atletas que “sentem a camisola”, mas
lamenta a falta de apoio às modalidades ditas amadoras.
Os
seniores continuam a aparecer como o ponto mais alto a que os mais miúdos
podem chegar?
JORGE BESSA JÚNIOR: “Sim e cada vez mais. Há alguns anos tínhamos
atletas que eram provenientes de outros clubes e dos escalões A1 e A2, mas
agora a equipa de seniores masculinos é constituída apenas pelos atletas
oriundos da formação. Quando os atletas chegam a seniores, alguns optam por
ir para a faculdade ou começam a trabalhar, outros têm objectivos diversos,
mas muitos querem ficar e são aproveitados.
Neste momento temos 24 atletas e todos eles foram formados aqui, sendo que
alguns passaram por mim na formação e outros pelos meus colegas”.
E isso não traz vantagens, sobretudo ao treinador, que já os conhece bem?
JBJ: “Sim. É óptimo. A Ala é um clube pequeno e funciona bem porque
temos todos mais ou menos o mesmo pensamento, ou seja: colocar atletas de
femininos e de masculinos nos seniores e fazer uma equipa de miúdos da terra
e do clube, que sentem a camisola como ninguém.
Sabemos da importância que a praia tem para a modalidade, pois estão
intimamente ligadas, E nós, embora estejamos relativamente perto do mar,
sentimos muito a diferença de estes miúdos estarem a cinco quilómetros da
praia.
Nos 3 meses de paragem que o clube faz, no Verão, estes miúdos acabam por se
ressentir em relação aos dos outros clubes que estão junto da praia, como o
Leixões, o Espinho.
E é importante que eles sejam todos de cá porque depois podemos fazer sempre
uma formação extra nos períodos de paragem.
Eles aceitam bem isso porque sentem o clube como ninguém, esforçam-se e dão
o máximo”.
Dada a conjuntura actual e no contexto em que a Ala está inserida, não se
torna complicado continuar a fazer um bom trabalho na formação?
JBJ: “Tenho conhecimento de vários clubes que desistiram porque os
escalões seniores dão muitos gastos e não entra muito dinheiro e muito menos
agora, com a crise que o país atravessa.
Isso também se nota na formação. Os pais, se tiverem de cortar nalguma
coisa, cortam nas actividades extra-curriculares, não vão, como é lógico,
cortar nos estudos e na alimentação.
Só é pena que não seja o próprio Estado a incentivar o desporto, mas sim os
clubes e que tudo não passe da teoria. As autarquias também deviam, uma vez
por outra, ajudar mais os clubes.
Para o nosso país, tudo é futebol e as modalidades ditas amadoras são
esquecidas, nem aparecendo nas reportagens da televisão e o desporto amador
sofre bastante com isso.
Se não é a carolice de alguns pais, a incentivarem formas de arranjar fatos
de treino, por exemplo, tudo se torna muito complicado, pois são cada vez
menos os apoios que temos”.
Como é que se deu a sua entrada nas fileiras da Ala?
JBJ:
“O meu trabalho aqui é uma longa história. Eu não comecei aqui na formação,
comecei no FC Porto. Entretanto, o clube extinguiu a secção de Voleibol e
tive de optar: ou jogava Voleibol no alto nível, no Leixões ou no SC
Espinho, por exemplo, ou viria para um clube mais pequeno onde poderia
conciliar os estudos com a prática da modalidade.
A Ala Nun’Álvares de Gondomar facultou-me essa possibilidade de conciliar a
minha vida académica com o desporto. Treinava três vezes por semana, sem
grandes objectivos, o que não nos impediu de subir por várias vezes à
divisão A1.
Quando entrei na faculdade, convidaram-me para treinador adjunto, entrava às
18h30 e saía às 23h30. Dava treinos como adjunto e depois tinha treinos como
sénior.
É duro, mas sabe bem entrar neste pavilhão, que conheço desde que nasceu, e
saber que um bocadinho de nós está aqui”.
Jorge Pinto: “O que conseguirmos plantar
no Mini-Voleibol é o segredo das nossas gerações futuras”
Jorge Pinto é o Coordenador do Mini-Voleibol. Há cinco anos ao
serviço do Ala, o técnico ambiciona reunir duas centenas de pequenos
praticantes e potenciais atletas das camadas de formação.
O
Mini-Voleibol da Ala quantas crianças movimenta?
JORGE PINTO: “Neste momento estamos a trabalhar com quase 100 meninos
e meninas. Subimos mais de 30 aos escalões de competição e neste momento
estamos a cumprir os objectivos.
Este ano definimos como meta chegar aos 200 atletas do escalão de minis. Já
estamos com 100 ainda antes de iniciarmos as nossas acções de captação junto
das escolas, por isso temos já meio caminho andado para cumprir o que
estipulámos.
Temos vindo a conseguir cumprir os nossos objectivos. Já transitámos cerca
de 200 atletas aos escalões de formação, nos últimos cinco, seis anos.
Não sendo a quantidade a nossa ambição primordial, é um objectivo que nos
enche de orgulho: alimentar os principais escalões de competição, de forma a
que tenhamos fornadas de infantis vindas do nosso Mini-Volei.
Neste aspecto, as coisas têm corrido dentro do que tinha sido planeado,
apesar de algumas dificuldades e vicissitudes que os tempos difíceis
trouxeram.”
Sentem que os títulos alcançados por outros escalões mais altos têm algo do
vosso trabalho?
JP: “Indiscutivelmente. Já estou ligado ao Voleibol há algum tempo e
cada vez acredito mais nisso. Aquilo que conseguirmos plantar no
Mini-Voleibol é o segredo das nossas gerações futuras.
As nossas gerações de sucesso aqui do clube, e felizmente temos tido
algumas, são gerações que nasceram no Mini-Volei.
Aquela teoria de que há meninos que nascem com um dom inato não é totalmente
verdade, alguns nascem, mas a maior parte deles é fruto do percurso que
fazem desde o Mini-Volei.
E um menino que começa aqui no escalão de Mickeys com cinco anos seguramente
que desenvolverá aptidão para chegar num futuro próximo com grande qualidade
aos escalões de formação”.
Nos tempos que correm, como conseguem cativar os miúdos?
JP: Há um segredo transversal a todos os problemas, que é nós
fazermos um trabalho com qualidade, com técnicos de qualidade e conhecermos
bem os nossos atletas.
Quando os meninos se sentem bem a praticar Voleibol, transportam isso para
casa e isso ajuda a ultrapassar alguns problemas.
É evidente que a modalidade traz alguns custos associados e, embora na Ala a
questão financeira nunca tenha constituído impedimento de os miúdos jogarem
Voleibol, a verdade é que provocou constrangimentos nalguns atletas.
E nós tivemos de fazer alguns ajustamentos e elevar a fasquia da qualidade
do serviço que prestamos. É única maneira de justificar o investimento que
os pais fazem ao trazerem as crianças para cá.
Consolidámos um corpo técnico formado e capaz, conseguindo assim elevar a
fasquia da qualidade do trabalho que fazemos. Isso tem atraído mais atletas
para o clube e foi um dos nossos segredos, seguramente”.

"De braço dado com a família"
Nesta faixa etária é muito importante o
apoio da família. Como é a relação com os pais?
JP: “É uma guerra sadia constante! Desde sempre que a Ala tem
conseguido construir alguns mecanismos que fazem com que os pais estejam cá
constantemente. Temos a felicidade de possuir um espaço para os treinos
muito grande, o que facilita. E desenvolvemos espaços de treino
propositadamente reservados para os pais.
Por exemplo, no plano anual do Mini-Volei temos um conjunto de 10
actividades com dias temáticos em que os familiares, os pais, os tios os
avós são convidados a vir ao clube. É uma forma de participação.
Neste escalão só faz sentido estar de braço dado com os pais e com as
famílias. Não é possível trabalhar de outra forma e por isso essa é uma
realidade que está sempre presente.
Para além do espaço propriamente dito onde se pode praticar a modalidade, há
um espaço de índole social que faz com que os pais queiram vir cá, pisem o
pavilhão e vejam o que é que nós realmente fazemos aqui”.
Como
avaliaria o trabalho realizado até agora?
JP: “A minha função de coordenação do Mini-Voleibol é muito
trabalhosa, mas também muito gratificante. Estou na Ala há já cinco anos,
vindo de um clube que era uma referência no Mini-Volei e onde aprendi muito,
a Académica de São Mamede. Trouxe comigo alguma experiência que adquiri lá,
mas estes cinco anos na Ala foram anos de maturidade.
O corpo técnico é exactamente o mesmo, o trabalho realizado foi
estabilizando e melhorando. A Ala de Gondomar tem evidentemente sempre uma
palavra a dizer no Mini-Voleibol português e fico muito orgulhoso com isso.
O trabalho que fazemos só nos orgulha.
A Ala foi sempre um clube de formação e estes cinco anos foram uma luta para
regressar a esse posto.
Queremos ser o clube português com mais minis. Não é pelo número em si, mas
sim pelo que isso representa, pois ter uma base grande, sólida, de
continuidade garante o futuro do clube.
Estou muito satisfeito com o trabalho realizado nos últimos cinco anos. É um
clube que me permite trabalhar e a avaliação é completamente positiva”.
Alfredo Miranda: “Um clube como o nosso
não deveria ter de pedir nada”
Alfredo Manuel Miranda, Coordenador do Voleibol está no clube “há já
20 e muitos anos”.
Ingressou na Ala nos finais dos anos 80, foi ficando e, mais recentemente,
assumiu a responsabilidade da gestão do Voleibol.
Desde 2007/2008 que tem vindo a acumular esse cargo com a função de
treinador, que continua a querer manter...
Após
tanto tempo ligado ao Voleibol e à Ala Nun’Álvares de Gondomar, o que é que
ainda o faz correr?
ALFREDO MIRANDA: “O que me faz mover é a paixão pela modalidade. E
paulatinamente fui ganhando também amor ao clube e às pessoas que o compõem.
Desafiaram-me para esta missão e tenho procurado levar o Voleibol da Ala a
bom porto.
Gradualmente, e mercê das enormes tarefas que temos sempre pela frente, fui
angariando alguns colegas para me ajudarem nas diversas tarefas.
E creio que estamos a fazer um trabalho interessante e meritório, que tem
dado os seus passos seguros, fundamentalmente em áreas em que antes nem
sequer eram tocadas”.
O segredo de um bom trabalho é uma boa equipa de colaboradores?
AM: “A contribuição de algumas pessoas tem sido inestimável. Pessoas
como o Eng. José Manuel Neves, que na área da Comunicação tem feito um
trabalho excelente. Publicamos uma newsletter semanal, que chega a sair duas
vezes por semana, há já quase dois anos, e já a distribuímos para cerca de
cinco mil endereços electrónicos, onde se incluem desde todos os atletas que
passam por aqui aos seus encarregados de educação, familiares, associados,
no fundo, a toda a comunidade. Partilhamos toda a nossa vida no clube com os
praticantes e ex-praticantes.
Na área financeira, temos a colaboração do meu colega Jorge Silva, que
partilha comigo a gestão do Voleibol e que tem desenvolvido uma tarefa
incrível na captação de todas as actividades extra-desportivas.
Claro que eu, face à minha total disponibilidade, tenho mais facilidade em
me repartir por todas as tarefas, mas nós fazemos tudo, e tivemos
recentemente uma mudança que até nos obrigou a desempenhar as funções de
empregado do pavilhão”.
O
lema do clube parece ser uma espécie de «Um por todos e todos pela
comunidade»...
AM: "Como facilmente se percebe, este é um clube que tem uma função
social da qual nunca abdicará, pois é uma meta pessoal da qual não
pretendemos desviar-nos nunca.
Somos um clube de portas abertas, recebemos toda a gente da mesma forma, mas
somos um clube com uma envolvência muito diferente da maioria.
Não abdicamos de tentar sempre ser melhores e mais fortes e de enquadrar
toda a formação que fazemos nas respectivas equipas por forma a termos
equipas seniores cada vez melhores e, essencialmente, com pessoas criadas
cá, mas não descurámos a entrada de ninguém e até recentemente tivemos um
título de seniores com muita gente que não passou pelas nossas camadas
jovens.
Tivemos uma paragem na equipa feminina. Retomámos há dois anos e conseguimos
ser campeões nacionais com algumas atletas que não passaram por cá.
Acreditamos que as duas equipas que militam na II Divisão vão ser,
brevemente, o reflexo da nossa formação.
Isto não se faz de um ano para o outro, como é óbvio, mas na equipa de
seniores masculinos já começamos a ver muitos dos nossos atletas”.
A formação que têm desenvolvido ao longo dos anos está a ser afectada com o
momento menos bom que o desporto atravessa?
AM: "O momento que o país e as famílias vivem tem obviamente de ter
repercussões na actividade desportiva. Nós procuramos que tenha o menor
impacto possível na nossa actividade.
Todas estas pessoas pagam para praticar desporto, embora haja casos em que
alguns não têm posses para pagar. Nesses casos, faremos sempre tudo o que
pudermos para que não deixem de praticar a sua modalidade.
Essa preocupação social está sempre presente, mas nós temos vindo a mudar,
gradualmente, alguns pressupostos que o clube tinha.
Por exemplo, as equipas de seniores têm custos que para nós são
elevadíssimos, pelo que neste momento os atletas já comparticipam nas
despesas das deslocações que fazermos na altura dos jogos.
Tentamos fazer parcerias interessantes e, como não o conseguimos, os
próprios atletas ajudam-nos.
Creio que teremos de mudar algumas coisas que eram tidas como normais no
clube”.

Há algum aspecto que ainda permaneça como
um sonho que gostava de ver realizado?
AM: “Há um objectivo que gostaria de ver realizado e, se possível, já
este ano, que era a Ala voltar a ser o clube com o maior número de atletas
minis inscritos na Federação Portuguesa de Voleibol.
É algo que foi emblemático durante vários anos. Quando eu assumi a
liderança, tínhamos caído significativamente para algumas dezenas, mas aos
poucos temos vindo a recuperar, no ano passado já tivemos cerca de 80 e este
ano vamos já com cerca de uma centena e tudo leva a crer que conseguiremos
ser um clube com uma base de meninos muito alargada.
Eu sei que há clubes a trabalhar excepcionalmente neste campo e não me quero
comparar a quem já está largamente à frente, mas vamos de certeza absoluta
recuperar esse patamar que é muito importante para nós”.
O
crescimento destes atletas, a formação da sua personalidade, tem algo de si?
AM: “Nós, enquanto treinadores da formação, marcamos sempre os miúdos
porque constituímos uma parte importante do crescimento deles. E eu digo
muitas vezes aos treinadores que nós somos o reflexo daquilo que vemos nas
equipas.
Pode não ser muito, mas há sempre algo que fica e esperemos que seja sempre
algo bom. Nós estamos muito tempo com eles e numa fase muito importante da
sua vida”.
Viveu durante quase três dezenas de anos o dia a dia do clube, como é que
define a Ala nos dias de hoje?
AM: “É um clube com uma tradição forte no Voleibol e que luta para se
manter num patamar elevado.
Desejava que não estivéssemos tão dependentes de subsídios estatais e
camarários, porque para manter esta infra-estrutura a funcionar, nós
precisamos obviamente de muito dinheiro. Basta pensar no que pagamos de
electricidade num mês, para nos questionarmos como é possível sobreviver sem
apoios...
Os custos fixos para mantermos uma porta aberta que permita que os miúdos
nos venham visitar são imensos e sem as ajudas estatais não é possível
sobreviver.
Eu diria que um clube como o nosso não deveria ter de pedir nada, pois já
fez tudo o que tinha a fazer para merecer aquilo a que tem direito. Era esse
o lema que eu deixava como mensagem final”.

A força evidenciada pelas equipas da Ala, e
a de juvenis femininos deverá ser disso um dos melhores exemplos, reside nos
laços de amizade com que os atletas e os técnicos vão unindo e reforçando a
sua relação ao longo dos anos.
Num amigável confronto Treinadora vs Capitã de equipa essa realidade é bem
evidente.
Vanessa Nunes: "A capitã é o pilar da equipa"
Vanessa
Nunes, treinadora dos Juvenis femininos
“Esta equipa de juvenis vem junta já desde os infantis. É uma equipa que
cresceu do zero e atingiu a sua grandiosidade no ano passado no escalão de
cadetes.
Tem sido uma equipa com bastante dedicação ao longo de todas as épocas, que
tem crescido em termos de valores, não só em termos técnicos e tácticos e
isso é o que devemos levar com a equipa.
Relativamente à Cristiana, ela já é nossa capitã desde os infantis. É o
pilar da equipa. Atingiu a sua maturidade em termos de capitã no ano
passado, na fase final, pois representou realmente o elo de ligação entre a
treinadora, a capitã e a equipa. É minha ideia mantê-la nessas funções e
espero que ela continue a cumprir o seu papel como tem cumprido até aqui”.
Cristiana Alves: "Treinadora é uma segunda mãe"
Cristiana Alves, 16 anos, Capitã de equipa, responde à altura das
funções que desempenha:
“A Vanessa já é nossa treinadora há muito tempo. Tem-nos ajudado imenso, em
todos os aspectos, dentro e fora do campo, é como uma segunda mãe para nós e
tem estado sempre presente, nos bons e nos maus momentos.... Também espero
que continue a fazer isso como até aqui [Risos].
Como ela disse, somos realmente uma equipa que evoluímos do zero.
Estamos juntas desde sempre e somos uma equipa muito consistente, em termos
desportivos, mas sobretudo de amizade.
Os valores que se destacam na nossa equipa são a humildade, a determinação
em conseguir algo, a persistência.
Depois do excelente lugar no campeonato de cadetes, vamos continuar a tentar
ir sempre mais alto. É verdade que sonhar não custa, mas temos trabalhado
para isso. Agora, que venha o campeonato”!
Outubro 2013

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