Aposta
na Formação começa a dar os seus frutos
O VOLEIBOL VIVIDO COM PAIXÃO

António Ferreira da Silva, actual
Presidente do Esmoriz Ginásio Clube, era o jogador mais novo da equipa de
seniores masculinos que conseguiu o primeiro título de campeão nacional da I
Divisão, em 1982/83. Agora, como Presidente, mostra-se satisfeito com o
trabalho realizado nos últimos anos e confiante no relançamento do Voleibol
do Esmoriz com o reforço da aposta feita na Formação e na equipa de seniores
femininos.
ANTÓNIO
FERREIRA DA SILVA:
“Não vou dizer que o Esmoriz Ginásio Clube é o maior clube nacional em
termos de atletas, mas é seguramente um dos maiores clubes dedicados ao
Voleibol na vertente da Formação.
Apostamos seriamente na formação de jovens atletas, quer de masculinos quer
de femininos, para que essa formação tenha, depois, continuidade em equipas
de competição seniores.
Estou na Direcção há nove anos e sempre sentimos que este era o caminho.
Defendo que não devemos ir buscar atletas a outros clubes ou ao estrangeiro,
mas sim formá-los no clube.
A coincidência dos tempos que vivemos hoje, uma conjuntura económica
extremamente difícil, acaba por ter também um lado positivo, pois obriga-nos
a reforçar a nossa aposta na formação para termos miúdos que poderão vir a
dar bons atletas quando chegarem à equipa de seniores. E os nossos atletas
também sentem que este clube aposta neles e na formação.
É isso que nós pretendemos para o Esmoriz GC e também para o Voleibol
português”.
Ao apostarem na prata da casa estarão também a ajudar a manter uma
certa mística?
AFS: “Eu cresci neste clube. Fui atleta e vivi os melhores momentos
do Esmoriz em termos de conquista de troféus e, nessa equipa, éramos
praticamente todos da formação do clube, portanto, tínhamos carisma,
tínhamos a mística, que não se sabe o que é mas que nos fazia sentir uma
certa paixão pela camisola. Treinávamos e jogávamos com alegria por estarmos
a fazer o que mais gostávamos.
No fundo, aquilo que procuramos sempre transmitir aos atletas, aos que por
cá passaram e aos que ainda cá estão, é que isto tem de ser vivido com
paixão, com entrega, tem de haver o amor à camisola e também muito amor ao
Voleibol para chegarem a patamares mais altos em termos competitivos, em
Portugal ou no estrangeiro, como aconteceu com aqueles que atingiram níveis
técnicos e de qualidade que lhes permitiram ir mais longe, nomeadamente o
Roberto Reis, o Hugo Gaspar, o Nélson Brízida, o Rui Santos e o Tiago
Violas. Também passaram por cá na sua fase final de formação, e que depois
progrediram para a equipa sénior os atletas João Simões, Pedro Figueiredo e
Luís Moreira”.
Qual o momento que recorda com mais intensidade?
AFS:
“Como atleta, recordo o momento em que o Esmoriz foi campeão nacional da
I Divisão. Fazia parte da equipa, e digo isto com muito orgulho e muita
honra. Era o atleta mais novo.
Enquanto dirigente, marcou-me a época passada, não porque tivéssemos
conquistado títulos nacionais [na III Divisão – seniores femininos e em
infantis masculinos], mas porque das 10 equipas de formação conseguimos
colocar sete a disputar as fases finais. Isto quer dizer que estamos a
trabalhar bem.
É óbvio que eu não vejo o título como objectivo, pois há muitas mais ilações
a tirar no final da época em relação ao trabalho feito ao longo da mesma.
Se formos campeões nacionais, fico muito orgulhoso disso, mas fico orgulhoso
de igual modo por ver atletas que numa fase final se entregam e jogam até à
última gota de suor, até não poderem mais e isso para mim é um motivo de
grande orgulho”.
Nos últimos anos, o clube fez uma aposta nos femininos...
AFS: “Quando assumi a Presidência do clube, há dois anos, um
objectivo que eu quis implementar no clube foi a criação de uma equipa
sénior feminina, pois a que o clube tinha não estava bem estruturada e o
trabalho não tinha a sequência desejada.
Começámos de raiz, a participar na III Divisão, com atletas daqui, tendo
convidado atletas que tinham pertencido ao Esmoriz GC mas que entretanto
tinham saído, e os restantes elementos da equipa foram já atletas da
formação.
Explicamos-lhes os nossos objectivos e o propósito daquela equipa: criar um
projecto a médio/longo prazo, não um projecto imediato.
O treinador que foi escolhido assumiu também a tarefa de formar uma equipa
de modo a poder receber, em três/quatro anos, a nossa formação, permitindo a
construção de uma equipa sénior feminina que tenha um núcleo de atletas
formadas no clube e que, pontualmente, poderá vir a ter uma ou duas atletas
oriundas de outros clubes”.
Como
presidente e homem da casa, que sonho ainda alimenta para o clube?
AFS: “Do ponto de vista desportivo, sinto-me realizado, pelo que já
foi conseguido nos últimos anos. Contudo, há outra vertente, que é
transversal a toda sociedade, que é a vertente financeira e, neste aspecto,
eu sinto-me profundamente frustrado, pois as dificuldades são enormes.
Há também os apoios institucionais, quer da Câmara Municipal de Ovar quer da
Junta de Freguesia de Esmoriz, alguns patrocinadores que apostam no trabalho
que fazemos, não na vertente da competição e na exposição que pode ter uma
equipa sénior, mas no trabalho que desenvolvemos com os miúdos, mas isso não
é suficiente.
Os encargos financeiros são extremamente elevados. Estamos a pagar o fardo
de alguns exageros que se cometeram no passado, mas, e apesar das
dificuldades, isto tem de ser levado para a frente.
Embora contemos com a compreensão de muita gente, é um bocado penoso. Este
tipo de gestão provoca algum esgotamento, porque no fundo estamos a gerir um
clube e entre um clube e uma empresa a diferença não será muita. Tem de
haver rigor na estrutura financeira do clube e isso provoca-nos muitas vezes
saturação dado que os recursos financeiros não chegam para colmatar alguns
compromissos que assumimos. É complicado”.
A visibilidade do torneio TIVE poderá ajudar nesse aspecto, ao mostrar o
trabalho que têm vindo a realizar na Formação?
AFS: “O TIVE tem, efectivamente, impacto porque é uma marca que está
já implementada. E a realização do torneio ajuda porque há duas vertentes na
sua organização: a desportiva, que é sempre importante pois conseguimos
trazer para aqui durante duas semanas algumas equipas que praticam Voleibol
de uma forma intensa; e a financeira, pois, com os apoios que temos,
ajuda-nos a criar aqui uma «almofada».
Quer o TIVE, quer a actividade de praia que desenvolvemos nos meses de Julho
e Agosto, ajudam sempre a criar aquele bocadinho extra, pois, por exemplo,
em Julho e Agosto é muito difícil termos receitas e temos ordenados a pagar
na mesma pois temos funcionários que trabalham durante esse período”.
Domingos Paulo: “A felicidade deles é a coisa mais importante”
Domingos Paulo, Coordenador da Formação masculina e do Mini-Volei,
treinador dos juniores masculinos e de infantis masculinos.
DOMINGOS
PAULO: “O Esmoriz GC tem um desígnio, que é ser um parceiro fundamental
da sociedade, da população de Esmoriz. Depois, tem três grandes objectivos:
ser parceiro na formação social, ser parceiro na sua formação desportiva e
ser parceiro na formação escolar dos jovens.
Essa aposta na formação é cada vez mais difícil, pois é complicado recrutar
miúdos para a prática do Voleibol, sobretudo nos masculinos. A concorrência
é enorme e retira muitos miúdos à nossa modalidade.
De forma que tem sido uma luta constante, uma campanha sem tréguas nas
escolas, no sentido de mantermos viva a chama do Voleibol masculino em
Portugal e, no nosso caso, no Esmoriz Ginásio Clube”.
Como é que conseguem cativar os miúdos?
DP: “De muitas formas. Fazemos visitas regulares às escolas,
organizamos actividades sistemáticas com as escolas primárias, com o
pré-primário e com o ensino básico e todos os meses temos uma actividade de
grande envergadura. Este ano, movimentámos já à volta de 500 atletas, alunos
das escolas do concelho de Ovar. Temos também a vontade e o objectivo de
alargar a nossa acção aos concelhos circunvizinhos e os nossos próprios
atletas constituem também um veículo de campanha e de sensibilização dos
colegas de escola no sentido de virem para aqui praticar desporto e jogar
Voleibol”.
Nos escalões de formação, os pais constituem uma peça importante na
engrenagem do vosso trabalho...
DP: “É muito difícil trazer os pais aos pavilhões. O isco, digamos
assim, que nós temos para os atrair ao pavilhão são os filhos e o entusiasmo
destes, daí que organizemos actividades ao fim-de-semana, nomeadamente ao
domingo de manhã, para que os pais nos possam visitar e, então sim,
dizer-lhes o que fazemos, porque é que eles estão aqui e por que razão é que
queremos aqui os seus filhos.
Temos desenvolvido muitos esforços no sentido de os pais, os encarregados de
educação, olharem para o Esmoriz GC como mais um auxiliar que pretende
participar no sucesso dos filhos deles.
Delineamos algumas estratégias: por exemplo, temos equipas em que os atletas
que tiram negativas na escola deixam de poder jogar. Treinam, mas chegam ao
fim-de-semana e não jogam.
Queremos mudar também uma ideia instalada de que o Voleibol tira tempo de
estudo e desenvolvemos um esforço grande para evitar isso. E este conjunto
de estratégias e argumentos que vamos conversando com os encarregados de
educação, permitem que actualmente, por exemplo, possamos fazer já quatro
treinos semanais com equipas de infantis, sem que os pais e os encarregados
de educação vejam nisto um problema para o sucesso dos seus filhos nas
escolas.
Temos também tentado arranjar uma cumplicidade muito grande entre os atletas
no seio da equipa, isto é, que eles percebam que se tirarem negativa na
escola prejudicam a própria equipa na medida em que não podem jogar e dar o
seu contributo.
Adicionalmente, temos um canal de comunicação muito aberto com os
encarregados de educação e isso permite que ambas as partes, o Esmoriz e a
família, saibam quase ao mesmo tempo qual a situação do jovem em casa, na
escola e no clube e contribuir desta forma decisivamente para o sucesso dos
jovens, que é a nossa grande vontade”.

Que dividendos pessoais tira de trabalhar com crianças e jovens?
DP: “A felicidade deles é única coisa que me move. Como treinador,
tento proporcionar situações e cenários onde estes jovens possam crescer,
serem melhores enquanto jogadores e enquanto pessoas e onde possam
fundamentalmente conseguir a sua realização sendo felizes. Esse é o grande
objectivo e a grande vontade que eu tenho como treinador”.
Sérgio Soares: “O que gosto mais de ver
numa atleta é a humildade”
Sérgio Soares é o Coordenador da Formação feminina, treinador das
equipas de juvenis e de seniores femininos.
SÉRGIO
SOARES: “Começámos no ano passado com a construção de uma nova equipa de
seniores femininos, com o objectivo de, a médio/longo prazo, termos atletas
da formação a fazer parte desta equipa, o que já acontece, pois metade da
equipa é constituída por atletas que foram formadas aqui no Esmoriz. Duas ou
três que subiram no ano passado de juniores e daqui a um dois anos pensamos
ter uma equipa ainda mais jovem que consiga ter um nível competitivo
interessante e que nos possa levar novamente a uma subida de divisão, como
fizemos na época passada da III para a II Divisão. Para depois, a médio
prazo, digamos em dois/três anos, tentarmos subir à I Divisão”.
E o que é que o Coordenador do Voleibol feminino vê ao olhar em redor?
SS: “Essencialmente, vejo muitas atletas com potencial. Muitas das
vezes, isso não chega, pois têm de atingir um determinado nível e conseguir
dar resposta ao que é exigido e em femininos, em Portugal, o nível começa a
aumentar cada vez mais e a haver uma aposta grande por parte de muitos
clubes. Em termos percentuais, o feminino em Portugal tem muito mais atletas
do que o sector masculino, daí o facto de se conseguir tirar mais proveito e
conseguir formar um maior número de atletas com qualidade para alimentarem
os nossos escalões seniores da II e I Divisão”.
É mais difícil ou mais fácil trabalhar com raparigas ou com rapazes?
SS: “Já trabalhei com o masculino e com o feminino e é relativamente
fácil trabalhar com as raparigas. Normalmente, a atleta é exigente por si
mesma e, quando motivada, trabalha sempre no máximo. Em certas idades,
torna-se mais complicado, quando começam a surgir novas vivências
particulares, mas penso que não temos tido aqui uma grande diferenciação em
termos de tratamento, até porque as regras e os ideais são iguais para
todos”.
Que características gosta mais de ver nas atletas?
SS: “Perseverança, humildade, responsabilidade no assumir dos
compromissos, ser sempre frontal, sem rodeios. Dentro destas
características, penso que o mais importante será a humildade.
A formação no Esmoriz GC tem todas as condições para vingar. O clube tem
imensos atletas e todas as equipas da formação, quer masculinos quer
femininos. Tem uma Direcção que aposta muito na Formação, com o objectivo de
tirar daí dividendos, como é natural, em termos de atletas de futuro, e
aposta num grupo de treinadores com qualidade. Pessoas interessadas, que
vivem a forma de estar no Esmoriz, que sentem o pulsar do clube e acho que é
um clube que está de boa saúde, desde a Direcção aos treinadores, aos
atletas. Todos gostam de desporto, todos gostam de Voleibol e são todos
responsáveis”.
Fernando Cardoso: “O TIVE
está mais maduro
e todos vão divertir-se”
Fernando Cardoso é Director do Esmoriz
GC e Coordenador do Torneio Internacional de Voleibol do Esmoriz, mais
conhecido pelas iniciais TIVE.
FERNANDO
CARDOSO: “O TIVE já mexe há mais de dois meses, altura em que começámos
a preparar o torneio. Este ano, contamos mais uma vez com uma grande adesão
das equipas a nível nacional. Houve também o cuidado de nos expandirmos um
bocadinho a nível internacional a ver se conseguimos que o TIVE comece
também a cativar jovens de outros países, mas dentro do clube respira-se
TIVE e já toda a gente está mobilizada à volta deste evento.
O TIVE nasce da necessidade de o Esmoriz colocar os seus jovens a defrontar
outras equipas. Em termos de formação, havia essa necessidade, lançámos a
semente e esta pegou. Teremos sido um dos primeiros clubes a avançar com uma
ideia assim e há já sete anos que, tanto desportiva como socialmente, tudo
tem corrido bem.
As instalações também são propícias à prática do Voleibol. A competição
decorre em três pólos, aqui, no Complexo Desportivo do Esmoriz, na Escola
Secundária de Esmoriz e no Pavilhão do Buçaquinho. O Centro de Estágio serve
para instalar algumas equipas que vêm ao torneio, ficando junto ao local em
que decorrem os jogos. O Agrupamento de Escolas de Esmoriz também nos ajuda
em termos de alojamento”.
Paulatinamente, o TIVE tem vindo a expandir as suas fronteiras...
FC: “O TIVE nasceu em 2009 e tem vindo num crescendo. Na 5.ª e 6.ª
edições, em termos de participação, os números foram idênticos. Porém, no
ano passado tivemos uma adesão bastante interessante de três delegações
estrangeiras, neste caso de uma delegação alemã e duas irlandesas, portanto,
há já uma aposta um bocadinho nos países da Europa do Norte. Terá sido o
torneio mais internacional de sempre.
Em matéria de adesão nacional, participaram 54 equipas, oriundas de 23
clubes, sendo que tivemos uma média de 240 jogos disputados nas duas semanas
de competição.
Em termos de voluntariado, de jovens que pertencem ao clube, de Direcção e
de funcionários, estaremos a falar de cerca de 80 pessoas, para servir um
universo de 700, 800 participantes.
Há toda uma logística muito interessante por trás disto, muito trabalho, e é
preciso alojar as pessoas, transportá-las, dar-lhes alimentação. Em termos
técnicos, tudo terá de ser feito para que a competição decorra de forma
fluida, sem haver interrupções de ordem técnica. Garantimos que há árbitros
com qualificação para todos os jogos, sendo que este ano há também uma forte
aposta na arbitragem”.
A
organização de um torneio com esta envergadura implica boas relações com os
clubes e também com as entidades públicas...
FC: “A Câmara Municipal de Ovar está a apoiar fortemente o TIVE, em
conjunto com a Junta de Freguesia de Esmoriz. São estas duas entidades que
nos apoiam, sem eles era muito complicado apresentarmos algumas situações
interessantes que irão ocorrer durante o torneio e que as pessoas poderão
constatar quando cá estiverem. A Federação Portuguesa de Voleibol tem-nos
dado também todo o apoio nesse sentido, bem como a Associação de Voleibol do
Porto e os nossos patrocinadores. Sem eles, as coisas não estariam tão
facilitadas.
Por outro lado, a relação com os outros clubes é muito interessante e, dada
a altura em que é realizado relativamente aos campeonatos dos vários
escalões, torna-se uma boa oportunidade para as equipas que têm menos
competição congregarem a Esmoriz e aqui esgrimirem os últimos argumentos, de
modo a tentarem nivelar as forças antes das finais dos campeonatos. Essa
relação é profícua e tudo tem corrido muito bem”.
O que é que se pode esperar de diferente nesta edição?
FC: “A forte aposta da CM Ovar vai promover o TIVE de uma forma muito
mais acentuada. Da parte da organização, o acumular da experiência é uma
mais-valia, pelo que temos boas razões para crer que as coisas vão decorrer
de uma forma mais madura, adulta, pois o TIVE cresceu e está preparado para
acolher bem todos os que nele vão participar e, desejo eu, divertir-se.
Dividimos esta edição do TIVE em duas semanas: a primeira decorrerá este ano
de 26 a 29 de Março para contemplar os escalões mais velhos (Cadetes,
Juvenis e Juniores); a segunda semana abrirá no dia 1 de Abril e terá o seu
fecho no dia 4, para os restantes escalões (Infantis e Iniciados). Este ano,
a novidade em termos de Minis, acabámos por considerar que podíamos
condensar a participação dos minis em dois dias, na Páscoa, de modo a que os
pais possam acompanhar estes atletas, que são os mais pequeninos”.

TESTEMUNHOS
José Fontes: “Seria egoísta se não
partilhasse os meus conhecimentos”
José Fontes, ex-atleta e actual Treinador dos Infantis Masculinos, foi
um dos mais experientes jogadores do Voleibol nacional.
JOSÉ
FONTES: “É na Formação que devemos insistir e na qual devemos ter os
melhores treinadores, porque a Formação é a base de tudo.
Podemos ter uma equipa a lutar para ser campeã, mas se não tivermos formação
isso será pouco porque o ciclo não se completa e é complicado renovar essa
equipa e integrar jogadores na equipa sénior.
É verdade que é cada vez mais difícil captar jovens para a prática da
modalidade. Actualmente, não é só Voleibol aqui em Esmoriz, há Natação,
Futebol, Futsal, que vieram tirar muitos jovens. É muito mais complicado
cativar os miúdos actualmente do que há alguns anos”.
Por experiência própria, o caminho a percorrer pelo jovem até chegar a
sénior é difícil?
JF: “Depende de cada atleta e das suas próprias características. Para
mim, pessoalmente, não foi fácil. Foi muito difícil ser considerado uma
promessa, mas até chegar à Selecção e estar em grande nível foi muito mais
difícil.
É preciso muito trabalho, muito empenho e sofrimento e não esperar ter muito
retorno, porque o Voleibol, infelizmente, não dá tanto retorno como, por
exemplo, o futebol”.
Em que é que os miúdos da sua geração eram diferentes dos de agora?
JF: “A nossa geração vivia para o Voleibol e para a escola; agora vivem
para o Voleibol, a escola e para muitas outras actividades, como a música, a
dança, etc., as quais muitas vezes nem têm tempo de praticar.
Isso tem a ver com os pais, que sobrecarregam os miúdos com muitas
actividades”.
Principais
características que o definiam como jogador?
JF: “Persistente, guerreiro e teimoso... mas como treinador, não peço
nada aos atletas, apenas que tenham prazer naquilo que fazem. Porque, quando
fazemos as coisas com prazer, os frutos do que fazemos acabam sempre por
aparecer.
Eu era um caso um bocadinho especial e tento não incutir a minha maneira de
ver e de pensar aos atletas. Tento sim que eles se encontrem a eles
próprios. Cada um é como é e não podemos estar aqui a forçar nada”.
Como é que foi feita a transição de jogador para treinador?
JF: “Descobri recentemente a paixão de treinador. Quando jogava, dizia
que não tinha paciência e que não me via como treinador. À medida que os
anos foram passando, eu fui descobrindo uma vertente que então não estava
desperta em mim.
Comecei a treinar um bocado por capricho, somente para ajudar, e algo
começou a despertar em mim e hoje em dia a minha opinião é que seria muito
injusto e egoísta da minha parte se não continuasse ligado ao Voleibol e não
partilhasse todos os conhecimentos que fui adquirindo ao longo de todos
estes anos.
O Voleibol não é uma modalidade que se aprende apenas nos livros; vai-se
cultivando no dia-a-dia e agora a minha função é transmitir aos miúdos
aquilo que fui aprendendo.
A vida é uma escola constante. Eu posso ser aquele que gere, mas aprendo
diariamente e muitas vezes sou agradavelmente surpreendido por algumas
atitudes que os miúdos tomam”.
Ana Gomes: “Não trocava estes momentos por nada”
Ana Gomes, jogadora dos seniores femininos, pratica Voleibol no Esmoriz
GC há oito anos.
ANA
GOMES: “É confortável jogar aqui, pois é um clube sem qualquer tipo de
confusão. Há sempre união, há mesmo um forte sentimento de amizade. Um
atleta chega ao clube e por mais que se sinta incapacitado frente às
dificuldades há sempre um sentimento que o conforta e o torna um membro da
família, pois um clube tão acolhedor acaba por ser como uma família.
Não quereria jogar noutra equipa. É um grupo fantástico, com jogadoras
cheias de qualidades e com uma atitude muito boa.
Claro que existem sempre algumas adversidades, alturas em que parece que
tudo vai correr mal e nada vai evoluir, mas esta equipa faz com que isso não
passe de pensamentos passageiros”.
Qual o ponto mais relevante da vossa equipa, que permitiu coleccionar já
uma subida de divisão?
AG: “A união é o ponto mais forte desta equipa. Mesmo que tudo esteja a
correr mal, isso só nos faz ser cada vez mais unidas pois há sempre uma
atitude positiva que vai tornar tudo mais fácil.
É o que desejamos e devemos transmitir às atletas que chegam ao clube: Nunca
desistam! Lutem sempre, mesmo quando as coisas são menos boas, porque vai
valer a pena.
É muito importante usufruir de equipas técnicas com qualidade. Ao longo do
ano isso reflecte-se na equipa: nota-se bem quem é que esteve connosco e o
que fez com a nossa equipa. Se tivermos bons treinadores, tudo se modifica e
rapidamente se transforma numa mais-valia”.
Um dia, se o clube tiver de ficar para trás, o que será recordado com
mais saudade?
AG: “O tempo que passo no Esmoriz é um tempo muito bem gasto. Não
trocava estes momentos por nada. Para mim, é o melhor clube do mundo e tenho
a certeza de que quando sair do Esmoriz há um vazio que vai ficar. Estou
aqui há oito anos e conheço já toda a gente, os atletas e todos os
treinadores, bons ou menos bons que possam ser, os funcionários e as pessoas
que colaboram como clube deixam sempre a sua marca e ficará sempre
certamente um sentimento de saudade”.

Masculinos – 24 títulos de campeão nacional: 2 da I Divisão, 1
Taça de Portugal, 2 II Divisão, 6 Juniores, 4 Juvenis, 5 Iniciados, 4
Infantis.
Femininos – 24 títulos de campeão nacional: 1 da II Divisão, 2 III
Divisão, 2 Juniores, 8 Juvenis, 9 Iniciados, 2 Infantis.
Fevereiro 2015

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