30-ABRIL-2015
VOLEIBOL SENTADO
SEDUZ
NA
CONVENÇÃO
MULTIDISCIPLINAR

A Convenção Multidisciplinar de Educação – Perspectivas sobre a Educação
Especial, que está a decorrer no Multiusos de Gondomar, arrancou hoje da
melhor forma.
Grupos de alunos das escolas da zona de Gondomar puderam experimentar um
leque apreciável de modalidades paralímpicas e, mais importante ainda,
vivenciar o que sentem os atletas que as praticam, tendo-se divertido
com a experiência, sobretudo com o Voleibol Sentado.

Rui Corredeira, Professor na Faculdade de Desporto da Universidade do
Porto (FADEUP) e responsável pela coordenação do Desporto Adaptado,
revela os objectivos da iniciativa organizada pelo pelouro da autarquia
gondomarense em colaboração com a FADEUP e as federações desportivas:
"Aquilo que se pretende é pôr os alunos das escolas de Gondomar, os tais
meninos ditos normais por não terem à partida nenhuma necessidade
educativa especial em geral, a experienciar esta iniciativa e a
experimentar modalidades que são adaptadas aos meninos com necessidades
especiais.
Estas iniciativas têm sucesso quando as podemos experimentar, pelo que
isto funciona como um laboratório: os miúdos têm de experimentar, de
sentir as sensações vividas por quem pratica a modalidade, pois a
inclusão também passa por aí, por fazer o percurso ao contrário".
Os estabelecimentos de ensino escolar aparecem como os palcos perfeitos
para a divulgação das modalidades associadas ao Desporto Adaptado:
"O Voleibol Sentado é um desafio que temos experimentado em vários
contextos nos últimos tempos, sobretudo nas escolas, e é, de facto, uma
modalidade de simples aplicação, pois o material é quase todo o mesmo do
Voleibol, há a bola e a rede, e basicamente mudámos muito pouco as
regras relativamente à modalidade que é modelo convencional, como a
altura da rede ou as dimensões do campo.
Tem-se revelado uma experiência muito interessante porque aqueles que
experimentam reconhecem que, realmente, a prática do Voleibol Sentado
não é nada transcendente, ao invés, é muito interessante e é fácil.
A primeira vez que assisti a uma competição de Voleibol Sentado
marcou-me muito. Foi jogado ao mais alto nível, nos Jogos Paralímpicos e
opunha a Rússia ao Irão.
Foi absolutamente espectacular, pelo dinamismo e velocidade de execução.
Não tem nada a ver com as ideias pré-concebidas. O Voleibol Sentado não
é estático, muito pelo contrário, e a sua execução dos gestos técnicos
até é fácil e é isso que nós queremos que os alunos sintam neste espaço
da Convenção.
As experiências que eles têm aqui irão ser partilhadas com os seus
colegas que não puderam vir, com amigos e famílias e acredito que irá
ser um sucesso".

Ana Sousa, professora na FADEUP responsável pelo Voleibol Sentado, afina
pelo mesmo diapasão.
"O Voleibol Sentado é extremamente fácil e é extremamente apelativo para
miúdos e adultos, experimentarem, pois divertem-se imenso.
Jogado ao nível da alta competição é difícil, como qualquer modalidade a
esse nível, mas a este nível básico de experimentação é extremamente
divertido e apelativo para os praticantes", reconhece, adiantando:
"No âmbito da Faculdade, temos feito várias iniciativas, já tivemos
workshops de Voleibol Sentado, actividades em escolas e no âmbito do Dia
Paralímpico na escola e a aceitação dos alunos tem sido fantástica. Eles
só querem é ficar mais tempo a jogar. Como viram aqui, grupos com
maiores limitações e que com adaptações também conseguiram participar e
por isso é uma modalidade que tem tudo para se desenvolver e expandir".
A mensagem mais importante a passar é que:
"Ainda há quem ache que é uma modalidade para pessoas com amputações,
mas o Voleibol Sentado é para todos, sendo praticado até por ex-atletas
de Voleibol, que, por exemplo, tiveram lesões nos joelhos que os impedem
de saltar.
O Voleibol Sentado pode ser praticado por pessoas com diferentes níveis
de amputação, pessoas com paralisia cerebral, mas com poucas limitações,
com lesões vertebro-medulares, mas o que chamamos lesões baixas e que
não limitam o trem superior.
As pessoas têm de se sentar, jogar e sentir realmente a emoção que é
praticar a modalidade e o local privilegiado para cativar praticantes
são as escolas. Devemos começar por fazer os alunos experimentar a
modalidade e eles acabarão por chamar outros para a prática da
modalidade".

Daniel Lacerda, técnico federativo responsável pela coordenação do
Voleibol Sentado, destaca a importância do Voleibol Sentado na “inclusão
activa” dos seus praticantes:
"Esta aposta está englobada numa linha de acção que a Federação vem
desenvolvendo há mais de uma década, nomeadamente através do Gira-Volei,
e que é a função social das federações desportivas.
Esta linha de acção é fundamental neste momento porque tem associado a
ela um comportamento em termos de desenvolvimento desportivo que passa
pela transferência de governação das modalidades adaptadas para as
federações de modalidades.
A população-alvo associada ao Desporto Adaptado necessita de estímulos
em qualquer prática desportiva e esta tem sido a nossa experiência neste
curto espaço de tempo, pois o projecto federativo está a dar os
primeiros passos. E o que nós temos sentido é que há muita receptividade
pela prática do desporto, embora no mundo do desporto adaptado ainda
exista muita falta de conhecimento e de prática e ausência de
profissionais de desporto.
O que nós queremos passar é a mensagem do potencial que o desporto tem
para um processo de inclusão, sobretudo de uma inclusão activa. Não
pretendemos que a modalidade seja apenas para pessoas com deficiência
mas sim para pessoas com e sem deficiência e que todas elas possam
participar activamente, jogando Voleibol. Isto é o mais importante".
O desenvolvimento do Desporto Adaptado implica uma «educação social e
desportiva»:
"A falta de vivências de desporto adaptado passa pela ausência desses
conteúdos nas escolas. O que nós estamos a potenciar é demonstrar que o
Voleibol Sentado existe, pode ser praticado e a forma mais fácil é
através das vivências nas escolas.
É preciso imprimir uma dinâmica muito forte nas escolas e é isso que
hoje está acontecer na Convenção Multidisciplinar de Educação, aqui, em
Gondomar.
O feedback por parte dos alunos tem sido fantástico porque na
realidade eles têm muita vontade de experimentar algo novo e o que
fizemos aqui ao incluir no mesmo grupo pessoas com deficiência e sem
deficiência foi fundamental para haver uma inclusão muito positiva e,
acima de tudo, para eles sentirem as dificuldades que existem na prática
de uma modalidade sentirem também os condicionamentos de quem a pratica.
E a receptividade tem sido muito boa".

Ana Gomes, aluna da FADEUP, voluntária na Convenção e jogadora da equipa
de seniores femininos do Esmoriz GC, vê o Voleibol Sentado como um
exemplo a seguir.
"É uma óptima experiência. Acho que o Voleibol Sentado devia ser mais
divulgado e partilhado, principalmente com as crianças, pois se isso
acontecer, poderá vir a ter um grande futuro.
Aliás, defendo que todos deviam experimentar, sobretudo os atletas do
Voleibol, pois não têm a mínima noção de como é jogar como as pessoas
com algumas limitações jogam, nem a força de vontade que é preciso ter
para conseguir estar em campo com tanta ou mais raça do que as pessoas
que praticam o Voleibol dito normal", salienta, concluindo:
"Já tinha ouvido falar do Voleibol Sentado, mas só na Faculdade é que
tive mais noção sobre essa vertente e é uma vertente na qual quero mesmo
apostar para o meu futuro.
Sem dúvida que o desporto é a melhor via para a inclusão. O Desporto,
aliado a pessoas que queiram estar no desporto de uma maneira saudável
e enriquecedora, só pode trazer benefícios a toda a gente".
Informações adicionais sobre o
Voleibol Sentado / Vídeo
aqui
A Convenção Multidisciplinar de Educação – Perspectivas sobre a Educação
Especial pretende ser um espaço de diálogo dos vários domínios do saber
que concorrem para uma intervenção educativa.
A abordagem multidisciplinar e as diversas temáticas do evento criarão
espaços de partilha de boas práticas.
Ao longo de três dias existirão momentos de exibição de projectos,
conferências, workshops, exposição de posters, exposição de trabalhos e
uma mostra multidisciplinar e interactiva, com a participação de várias
instituições, desde as escolas às empresas.
Os vários espaços estarão acessíveis ao público em geral, havendo outros
destinados aos profissionais com interesse na área da intervenção
educativa no âmbito da educação especial e/ou pessoas com deficiência.
Informações adicionais:
CM Gondomar
|
PARTILHA ESTE ARTIGO NAS REDES SOCIAIS |
|
|